BAHIA EM REVISTA

Visitas à Casa do Carnaval da Bahia crescem quase 70% em comparação com ano passado

Condensar e contar a história de música, dança, folia e cultura da maior festa popular de rua do mundo não é uma tarefa fácil, mas a Casa do Carnaval da Bahia, em Salvador, consegue fazê-lo com maestria. De janeiro a maio deste ano, o espaço já recebeu mais de 28 mil turistas, um crescimento de 68% em relação ao mesmo período do ano passado. Mais da metade vem de outros estados do país, mas o número de visitantes baianos também tem crescido.

Este ano, dias antes do início do Carnaval de Salvador, o museu atingiu um recorde de público, mais de 1.300 pessoas em um único dia. Romilson Vieira Selles, 24 anos, é mediador do museu há quase e dois anos, o mais antigo no local. Para ele, ter batido esse recorde é um representativo da qualidade e dedicação envolvidos na criação e manutenção da Casa do Carnaval. “Na alta estação, geralmente temos de 100 a 300 visitantes por dia aqui. Então, do nada, esse número cresce em mil pessoas, ficamos muito impressionados”, conta. No período do Carnaval, o museu funcionou em esquema especial. A Casa do Carnaval funciona das 10 às 18h, de terça a domingo. A entrada é R$ 20 (inteira) e R$10 (meia), residentes de Salvador também pagam meia.

Só este ano, cerca de 10 mil baianos já visitaram a Casa do Carnaval, um aumento de 43% em relação a 2022. Para Romilson, o crescimento é reflexo de uma busca por conhecer a própria cultura. “Cada vez mais, esse espaço tem se tornado mais um espaço para quem é de Salvador, quem é da Bahia. Não que não fosse antes, até porque não houve nenhuma mudança, mas a gente percebe uma maior procura, acho que até pela sensação de pertencimento mesmo, de identificação com a própria cultura”, refletiu.

Estrutura – Inaugurado em 2018, o primeiro museu do Carnaval no Brasil promove uma experiência única da história da folia, por meio de conteúdos audiovisuais e interativos, abordando desde a origem da festa, nos entrudos lusitanos do século XVIII, passando pelas alterações e proibições elitistas sofridas, até a criação do trio elétrico (brevemente, fobica) em 1950 e o crescimento exponencial da festa, que, hoje em dia, atrai mais de 2,7 milhões de pessoas,  nos sete circuitos principais, durante os dias de festa.

Localizada na Praça Ramos de Queiroz, no Pelourinho, a Casa do Carnaval está a poucos metros do Terreiro de Jesus e da Praça Castro Alves, locais icônicos para o Carnaval de Salvador. Administrado pela Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult), tem curadoria do artista e designer baiano Gringo Cardia, juntamente com o reitor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), professor doutor Paulo Miguez, especialista em Cultura e Carnaval da Bahia, além de um amplo grupo de artistas e pesquisadores como Jonga Cunha e Bete Capinan.

O espaço tem dois pavilhões expositivos, com mais de três horas de conteúdo audiovisual relacionados à festa. No térreo, as salas “Origens do Carnaval” e “Criatividade e Ritmos do Carnaval” contam a história e evolução do carnaval narradas por artistas que criaram e foram criados pela festa. Na sala de entrada fica a biblioteca da Casal do Carnaval. O acervo conta com nomes como Zélia Gattai, Juarez Paraíso, Carybé, Nelson Cadena e J. Cunha, que também assina os painéis fixados na parede e do teto da entrada.

O titular da Secult, Pedro Tourinho, aponta a importância de espaços culturais de memória como a Casa do Carnaval, que refletem a representação e identificação de um povo. “É um espaço que perpassa a história de uma festa não só de Salvador, mas da Bahia, e que mostra personagens e momentos que são intrinsecamente relacionados à folia. No primeiro museu do Carnaval do país, é contado o surgimento dos trios elétricos, os caminhos que os blocos afro trilharam para se fortalecer e ganhar o devido lugar de destaque e poder, passando pelo fortalecimento de ritmos afro-baianos como o samba-reggae, o axé e o pagode na história da festa baiana”, destacou.

“O espaço cultural também adentra nos pormenores da gestão da festa, desde a atuação do poder público até os trabalhadores informais, que têm uma atuação crucial na movimentação da economia da festa”, completou o titular da Secult.

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