BAHIA EM REVISTA

Líderes orientam como saudar Iemanjá em tempos de pandemia

No dia 2 de fevereiro, tradicionalmente, é dia de saudar Iemanjá. Mas em 2021, por conta da pandemia da Covid-19, as celebrações serão diferentes. Os adeptos das religiões de matriz africana que costumam levar os presentes nas praias do Rio Vermelho, ou mesmo na Colônia de Pescadores Z1, terão que optar pelos outros 64 km de faixa litorânea de Salvador, para evitar aglomerações no bairro boêmio.

Segundo Evilásio Bouças, presidente do Conselho Municipal das Comunidades Negras (CMCN), os presentes dos terreiros já são colocados em diversas áreas de praia, desde a Praia do Flamengo até o Subúrbio Ferroviário, passando pelo presente ecológico no Solar do Unhão. As oferendas são levadas ao mar depois de todos os ritos e processos específicos nos templos de matriz africana.

Sobre o momento da pandemia, Bouças afirmou ser algo complexo. “No entanto, há um entendimento dos líderes religiosos de que neste momento devemos preservar vidas evitando contaminação”, declarou.

Presente de 2021 – O babalorixá Pai Ducho de Ogum, do Terreiro Ilê Axé Awa Ngy, é o responsável pelo presente deste ano da Colônia de Pescadores do Rio Vermelho, que terá dois momentos: no Dique do Tororó, presenteando Oxum, e no Rio Vermelho. Ele faz segredo de qual será a oferenda e não esconde a ansiedade, já que é o primeiro ano fazendo o presente sozinho.

Perguntado sobre o adiamento das comemorações ou remanejamento para outras praias, ele foi enfático: “Iemanjá é mãe, dona da mente, do coração. Ela não vai se importar se o presente não for colocado no dia por causa da pandemia. Ela entende o momento, e o povo tem que se conscientizar e entender também”, disse.

Observatório – Neste ano, a Secretaria Municipal da Reparação (Semur) vai acompanhar de perto as ações no bairro do Rio Vermelho com o Observatório da Intolerância Religiosa. A ação vai verificar possíveis casos de ofensa à religião, ou algum tipo de represália ou agressão.

Além disso, haverá a conscientização quanto ao adiamento do presente ou que o devoto opte por outro local para fazer a homenagem. “Vamos recomendar que não coloquem os presentes ali, mas em outro lugar, em outra praia”, disse Alison Sodré, coordenador de Reparação e Promoção da Igualdade Racial da Semur.

Segundo o gestor, a celebração tem uma grande relevância para as religiões de matriz africana, pois no calendário das festas populares, é a que envolve diretamente ritos e cultos ligados às crenças. “Ao contrário do Bonfim, onde um dos pontos altos da festa é a chegada à Colina Sagrada, as pessoas levam o presente na água. No entanto, vamos observar o perímetro estipulado e manter um equilíbrio e que não haja aglomeração”.

 

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