BAHIA EM REVISTA

Cirurgias cardíacas e torácicas na Bahia crescem quase 50% em um ano

Um levantamento recente feito pela Cardiotórax – Cooperativa dos Cirurgiões Cardiovasculares ou Torácicos do Estado da Bahia – revelou um aumento de 48,85% no número de cirurgias cardíacas e torácicas realizadas na Bahia quando comparados os anos de 2020 e 2021. Em 2019, foram realizados 5.267 procedimentos. Em 2020, foram 4.812, devido à retração imposta pela pandemia de Covid-19, mas, em 2021, a quantidade de operações subiu para 7.163. Se, por um lado, o adiamento de cirurgias eletivas nos piores momentos da crise sanitária foi necessário a fim de liberar leitos para os pacientes Covid-19 e para reduzir o risco de contágio pelo novo vírus em doentes que podiam aguardar pela cirurgia, por outro pode ter contribuído para aumentar os casos mais graves e de maior complexidade.

De acordo com o presidente da Cardiotórax, Leandro Públio Leite,  o agravamento de doenças cardíacas e torácicas e o consequente aumento do número de cirurgias mostram que houve uma intervenção tardia pelo afastamento dos pacientes nas consultas eletivas. “Certamente, muitos têm chegado às unidades de saúde em processo de agravamento em decorrência da evasão nos consultórios durante os momentos de pico da pandemia. Por outro lado, também houve aumento da descoberta precoce de novos casos devido ao grande número de pessoas que realizaram tomografias do tórax”, relatou o cirurgião torácico.

No atual cenário, além de tratar complicações agudas associadas à infecção pela Covid-19, os cirurgiões torácicos lidam com sequelas dos pacientes graves que sobreviveram. Segundo Leandro Públio, é nítido o aumento da incidência de doenças da traquéia, como estenose traqueal e fístulas traqueo-esofágicas, relacionadas à intubação prolongada, gravidade do quadro clínico, falta de estrutura adequada dos hospitais de campanha, sobrecarga do sistema de saúde, entre outros motivos. Esse cenário fica ainda mais claro e real no contexto do sistema público de saúde.

Cirurgias na pandemia – De todas as cirurgias realizadas pelos cirurgiões torácicos durante a pandemia de Covid-19, a traqueostomia foi a mais frequente, por acelerar o desmame da ventilação mecânica e aumentar a disponibilidade de ventiladores e leitos de UTI para outros pacientes.

Além dela, as drenagens torácicas e a cirurgia de descorticação pulmonar também foram comuns, indicadas principalmente para tratamento de complicações pulmonares relacionadas à ventilação mecânica, sangramentos intratorácicos (devido à anticoagulação da maioria dos pacientes graves) e a infecções bacterianas sobrepostas a Covid-19. Nos casos mais graves associados à falência pulmonar aguda, a despeito de todas as medidas clínicas, a instalação da ECMO (membrana de oxigenação extracorpórea) foi outra importante alternativa para o tratamento, que pode ser realizado tanto por cirurgiões cardíacos como torácicos.

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