BAHIA EM REVISTA

Alunos de Cmei no Lobato representam Salvador em competição nacional de robótica

Quatro crianças do Centro Municipal de Educação Infantil (Cmei) Mario Altenfelder, no Lobato, prometem dar muito orgulho para Salvador. O grupinho vai a Brasília (DF) participar do Festival Sesi de Educação, o maior torneio de robótica educacional do país, que acontece a partir do próximo dia 28 até 2 de março. Se passarem nesta etapa nacional, os pequenos Miriam e Enzo, 10 anos, e Lucas e Diogo, 11 anos, irão para a final em Houston, no Texas, Estados Unidos.

 

Na competição, os participantes explorarão o papel da ciência, tecnologia, engenharia, arte e a matemática (STEAM) para aprimorar e projetar um mundo de possibilidades com uso dos robôs. Além da turminha, viajará com eles uma comitiva formada por estudantes da Rede Sesi de Educação.

 

Os alunos, que cursam o Ensino Fundamental I na instituição, estão se dedicando ao máximo para fazer bonito na competição representando a capital. Mesmo nas férias, os pequenos mantiveram a rotina de treinar duas vezes por semana. Diogo Ventura, de 11 anos, contou que, além de continuar treinando duas vezes por semana neste retorno das aulas, faz encontros virtuais com a turma e se dedica à pesquisa e à revisão das regras da competição.

 

“A minha expectativa é muito positiva, eu diria que surreal, porque é uma oportunidade que pode fazer a gente crescer e ter mais oportunidade na vida. Quando a oportunidade surgiu lá na escola, eu fiquei meio sem palavras, mas a partir do momento que eu tive um primeiro contato com o Lego, eu amei. Tem a questão também do ‘core values’, que são os nossos valores, e aí eu vi como trabalhar em equipe e aprendi que cada um tem o seu valor. Aprendi também que a nossa vida é como se fosse um Lego: se algo não encaixou, não deu certo, nada vai funcionar, então vamos ter que voltar para tentar nos reconciliar para que tudo dê certo”, avaliou.

 

Para Miriam Pinheiro, de 10 anos, essa tem sido uma experiência nova e motivadora. “Eu estou muito feliz por estar participando desse treino e por fazer parte da competição nacional. Ainda estou nervosa, mas é respirar até chegar o dia. A gente está aprendendo cada vez mais com e sobre o Lego e sobre o Lego para quando chegar a Brasília, mostrar tudo”, relatou.

 

A aluna lembrou que a atividade também tem possibilitado viver novas experiências. “Quando eu participei da competição regional em Curitiba foi muito bom. Foi a minha primeira vez em uma competição e primeira vez também em um avião. Eu fiquei muito feliz por estar lá, conheci novas pessoas e foi um aprendizado muito rico”, revelou.

 

A oportunidade da competição e o empenho da filha em participar têm sido motivo de muito orgulho para Anaíde Pinheiro, 46 anos, mãe de Miriam. “Eu me sinto muito feliz, muito alegre com essa perspectiva de futuro. O projeto está desenvolvendo muitas coisas nela, até porque era algo que a gente só via pela televisão e hoje em dia, quando a gente vê chegar para a gente, ficamos muito felizes e surpresas com as conquistas e com o desenvolvimento intelectual dos nossos filhos. É muito prazeroso ver eles desenvolvendo algo tão diferente e inovador”, destacou.

 

Torneio – Os exercícios propostos nos encontros são dados pela competição Fisrt Lego League (FLL), onde um robô precisa executar diversas tarefas e movimentos. A competição é voltada para crianças e jovens de 6 a 15 anos e o time do Cmei Mario Altenfelder é orientado pelo professor de Artes Visuais, Antônio Fernando Bulcão.

 

A equipe do Cmei, que adotou o nome “Lobato que Transforma”, é uma das sete que a Bahia levará ao Festival Sesi de Educação e será a única formada por alunos de escola pública a representar o estado. O evento, maior do segmento no país, é operado pelo Sesi.

 

Segundo Fernando Didier, coordenador de robótica da rede Sesi, já são 12 anos oficiais da competição e a primeira vez que o evento terá a participação de uma escola pública. “Essa equipe está fazendo história da robótica no estado, pois é a primeira equipe de escola pública a participar de uma etapa nacional representando a Bahia. Para mim é uma realização pessoal, porque eles estão indo por mérito e disposição. Então, o protagonismo desses meninos é extraordinário. A vontade e engajamento dos professores e gestores também são dignas de reconhecimento”, avaliou.

 

O diretor superintendente do Sesi, Armando Neto, explicou que a ideia é ampliar a parceria com a Prefeitura de Salvador para levar a robótica e a Iniciação Científica para dentro das escolas públicas. “Estamos muito satisfeitos, porque essa escola do Lobato venceu a etapa regional e está indo com a nossa equipe do Sesi para Brasília semana que vem. É algo muito interessante. Nós acreditamos na robótica e na Iniciação Científica e Tecnológica como eixo fundamental para o aprendizado e formação dos alunos”.

 

A etapa nacional da competição terá quatro critérios: Projeto de Inovação, que é o projeto de pesquisa desenvolvido pelas equipes; Design do Robô, em que os integrantes mostram para os juízes que realmente foram eles que construíram o robô, por meio de um diário de bordo, mostrando o passo a passo para a construção; Missão da Arena, que é a parte prática, em que as equipes colocam os robôs na mesa para executar as missões e, por fim, os core values, que são os valores de equipe da competição: colaboração, inclusão, acolhimento e respeito.

 

Como benefício da prática de robótica, as crianças adquirem variadas habilidades e conhecimentos que serão base para toda a vida. Alguns dos conteúdos que as crianças aprendem são programação, mecânica do robô e realidade aumentada. Além disso, aprendem sobre e elaboram uma pesquisa científica. Esse conhecimento pode impulsioná-los, até mesmo, a enveredar para campos de estudo e pesquisa no futuro.

 

Além disso, os próprios elementos que fazem parte da competição provocam mudanças positivas entre os estudantes. “Esta é uma oportunidade de tirar os meninos do sistema convencional de educação, dentro dos muros da escola, proporcionando a eles uma experiência que eles nunca irão esquecer. Ter robótica no currículo escolar é extremamente importante e é uma vivência que consegue mudar a realidade da escola porque outras crianças começam a se interessar e a entender que o caminho dos estudos é a melhor chance que eles têm”, opinou o professor Bulcão.

 

Estrutura – O Cmei Mario Altenfelder tem uma média de 850 alunos do Grupo II ao 5º ano do Ensino Fundamental, com aulas nos turnos matutino e vespertino. Em 2020, a escola foi reconstruída e teve o número de salas ampliado de quatro para 24 salas.

 

A diretora da unidade, Graça Soares, se sente muito feliz com a dedicação dos alunos. “As crianças da educação pública precisam apenas de uma oportunidade, como a que elas estão tendo, para que se sintam motivadas e possam apresentar o potencial que já existe nelas. As famílias também têm nos ajudado bastante, pois os meninos têm ido para vários campeonatos e viajado para outros estados. A equipe pedagógica também está muito envolvida e tem feito tudo acontecer”, finalizou.

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