O ano de 2018 teve a mais intensa queda dos últimos seis
anos no número de associados a sindicatos, mostra pesquisa do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo o instituto, mesmo com o aumento de
cerca de 1,3 milhão na população ocupada, os sindicatos perderam mais de 1,5
milhão de associados no ano passado.
Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) sobre
mercado de trabalho, que teve informações adicionais divulgadas hoje (18).
Segundo a PNAD, o percentual da população ocupada filiada a sindicatos vem
caindo desde 2012, quando era de 16,1%, e teve sua queda mais intensa no ano de
2018, quando chegou a 12,5%. Nos seis anos analisados, os sindicatos perderam
quase 2,9 milhões de associados, grupo que chegou ao total de 11,5 milhões em
2018.
Analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy diz
que diferentes fatores vêm puxando essa queda. “Sabemos que essa população
ocupada que cresce é muito calcada em trabalhadores por conta própria e
empregados sem carteira assinada. Esses dois segmentos, tradicionalmente, não
têm uma grande mobilização sindical”, afirma ela, que também identifica a
reforma trabalhista, que passou a vigorar em novembro de 2017, como fator que
pode ter contribuído para a redução do número de associados em 2018. Apesar
disso, a pesquisadora pondera que não é possível especificar quantos pontos
percentuais dessa queda podem ter relação com a mudança nas regras e quantos se
devem à redução dos empregos com carteira assinada.
Os empregados do setor público têm a mais alta taxa de associação a sindicatos,
com 25,7%, seguidos pelos trabalhadores do setor privado com carteira assinada,
com 16%. Entre os trabalhadores domésticos, apenas 2,8% estão associados, e,
entre os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada, o percentual é
de 4,5%. Os que atuam por conta própria também estão bem abaixo da média
nacional de sindicalização, com 7,6%.
As
regiões Norte e Centro-Oeste têm os menores percentuais de população ocupada
sindicalizada, com 10,1% e 10,3%, respectivamente. As duas regiões tiveram as
maiores quedas no contingente de sindicalizados em 2018, chegando a uma redução
de 20% em relação a 2017.
Já o Nordeste tem o maior percentual do país, com 14,1% da população ocupada
sindicalizada. Na região, estão os únicos estados em que houve aumento do
contingente de sindicalizados em 2018: Pernambuco, Sergipe e Piauí.
Em relação a gênero, o IBGE mostra que a população ocupada masculina é mais
sindicalizada que a feminina, com uma diferença de 12,6% para 12,3%. Somente no
Nordeste as trabalhadoras são mais sindicalizadas que os homens, com 14,9%
contra 13,5%.
A queda registrada em 2018 fez com que todas as atividades da economia
atingissem o menor patamar de sindicalização da série histórica iniciada em
2012. Os setores em que a taxa de sindicalização é mais elevada são a
administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e
serviços sociais, em que o percentual chega a 22%. Em segundo lugar vem o
grupamento de agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura,
com 19,1%. Na Indústria geral, o percentual é de 15,2%.
Depois dos serviços domésticos (2,8%), as menores taxas de sindicalização estão
na construção (5,2%), outros serviços (5,3%) e alojamento e alimentação (5,7%).
A queda no número de associados também foi registrada entre todos os níveis de
escolaridade. As taxas de população ocupada sindicalizada chegaram, em 2018, a
10,4% no Fundamental incompleto, 8,1% no Fundamental completo, 11,5% no Médio
completo e 20,3% no Superior completo.