Salvador é uma das capitais brasileiras com menor número de fumantes. Entre adultos, 5,4% são usuários de tabaco, segundo dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2020. O levantamento faz parte da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo IBGE, em parceria com o Ministério da Saúde e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). No Dia Mundial de Combate ao Fumo, celebrado na última segunda-feira (31), o órgão chama a atenção para a necessidade de eliminar o hábito, principalmente neste período de pandemia de Covid-19.
A quantidade de fumantes na capital baiana tem sido reduzida progressivamente. O resultado positivo é fruto das ações de conscientização da população soteropolitana acerca dos males causados pelo tabaco, desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), por meio do Programa Municipal de Controle ao Tabagismo (PMCT).
Integrante do PMCT desde 2007, a odontóloga Carla Geminiana atua na Unidade de Saúde da Família (USF) de Mata Escura e explicou como o programa tem atuado no atendimento aos usuários de tabaco. “O PMCT realiza a capacitação de profissionais de nível superior para atuar no programa. Temos 64 unidades de saúde com o programa instalado, mas, por causa da pandemia, ele está funcionando em 27 delas, com atendimento virtual e individual.”
Processo – A profissional informou que, no acolhimento ao fumante, ele é entrevistado para avaliar o grau de dependência química e a quantidade de cigarros que fuma por dia. Em seguida, o cidadão é acompanhado pelas sessões estruturadas, realizadas semanalmente ao longo de um mês. Com base nelas, os profissionais do programa prescrevem a mudança de rotina necessária ao usuário, de acordo com cada caso e com a Cartilha de Orientações seguida pelo programa.
“Quando o usuário consegue ficar 24 horas sem fumar, administramos a medicação. O Niquitin, que são os adesivos de nicotina, é reduzido a cada semana, para evitarmos crise de abstinência. Na primeira, os adesivos equivalem a uma carteira de cigarro por dia; na terceira e última semanas, a sete cigarros. Já o Bupropiona serve para reduzir a ansiedade”, detalhou Carla.
Ela acrescentou ainda que o PMCT realiza campanhas antitabagistas nas redes sociais e promove palestras sobre os malefícios do vício em tabaco. Alertou que, por força da pandemia e dos seus problemas correlatos, como o isolamento social, o desemprego e o impacto deles na saúde mental, muitos ex-fumantes, incluindo idosos, tiveram recaída e recorreram novamente ao hábito.
Os fumantes passivos também sofrem as mesmas consequências que os fumantes ativos, podendo desenvolver doenças semelhantes. As crianças que convivem com fumantes tendem a ser adultos com comorbidades. “Fica a mensagem de que a gente precisa se amar acima de tudo, de qualquer prazer”, concluiu a odontóloga.