A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) realizou um curso voltado para capacitar profissionais que atendem a públicos em situação de vulnerabilidade social, a exemplo de pessoas em situação de rua. O treinamento, que ocorreu na Escola de Saúde Pública de Salvador (ESPS), no Comércio, abordou métodos de prevenção e testagem para HIV, além de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Liderando a capacitação, a enfermeira e referência técnica do campo temático de ISTs da SMS, Jéssica França, explicou a importância do curso. “Essa é uma articulação com foco nas populações-chave e prioritárias para a prevenção combinada de HIV e outras ISTs, além de testagem rápida. Trata-se de uma ampliação do número de pessoas capacitadas para realizar a testagem”, explicou.
Segundo ela, o objetivo desse momento é justamente qualificar os profissionais que prestam assistência a esses públicos, fornecendo-lhes ferramentas como o aconselhamento, capacidade de identificar, rastrear, orientar e encaminhar essas pessoas, além de ampliar o acesso dessa população aos serviços de saúde.
“O campo temático entende que precisamos mapear as populações com as quais trabalharemos no sentido de prevenção e estímulo à prevenção de ISTs. Essas populações-chave e prioritárias têm uma maior vulnerabilidade à infecção por algumas ISTs. Qualificando mais esses profissionais, podemos definir quais são as opções disponíveis em cada instituição para ofertar ações de prevenção a quem está recebendo assistência”, completou França.
Entre as participantes, a enfermeira Patrícia Santana da Silva, que atua no projeto Consultórios na Rua, no distrito de Itapagipe, reforçou o papel da capacitação. “Há uma demanda crescente de pessoas com suspeita e diagnóstico de infecções sexualmente transmissíveis. Então, abrir um leque para outros profissionais também entenderem a importância, tanto na prática quanto na teoria, é essencial”, afirmou. Marcelina Lima Ferreira, também do Consultórios na Rua, falou sobre os desafios diários do atendimento.
“Quando falamos de testagem rápida, estamos falando também sobre a vida daquela pessoa e a possibilidade de um diagnóstico positivo, o que torna o atendimento na rua ainda mais desafiador. Aqui no curso, organizamos as estratégias para viabilizar essa oferta, pois nem toda pessoa em situação de rua consegue acessar uma unidade de saúde para realizar o teste rápido. A incidência de pessoas com ISTs na rua é muito alta e continua a crescer”, comentou.
Já Helen Araújo, enfermeira da Colônia Penal Lafayete Coutinho, mencionou a importância da capacitação no sistema prisional. “O único acesso à saúde dos detentos é por meio dos profissionais que atuam dentro da penitenciária. Esse curso nos ajuda a diagnosticar e tratar mais rapidamente, além de orientar sobre a continuidade do tratamento após a saída”, disse.
“Sabemos que, ao sair da penitenciária, muitas vezes ficam receosos de procurar os serviços de saúde. Então, se iniciamos um tratamento lá dentro e, por algum motivo, eles saem, precisamos orientar sobre onde continuar esse tratamento e como se prevenir. Essa capacitação é muito importante para aprendermos a lidar com todos os tipos de público”, completou a enfermeira.