BAHIA EM REVISTA

Prefeitura e Tamar iniciam ação de proteção a tartarugas marinhas

Salvador dará início a ações educativas voltadas à sensibilização de trabalhadores, moradores e frequentadores da orla, para atuar na preservação das tartarugas marinhas. A atividade integra as ações estabelecidas por meio de uma parceria entre a Secretaria de Cultura e Turismo (Secult), através do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), com o Projeto Tamar. A ação conta com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

A proposta é que o Tamar mapeie, monitore e identifique ninhos de tartarugas, no trecho de Itapuã a Ipitanga, área considerada de maior incidência de desova na capital, além de informar e engajar a população na proteção destes animais.

Importância– De acordo com a bióloga pesquisadora do Projeto Tamar, Nathália Regina Berchieri, a expectativa é que com a requalificação do trecho de orla de Stella Maris, por exemplo, a praia fique ainda melhor para as tartarugas. O trecho está passando por urbanização e ganhou postes de iluminação posicionados para a área de caminhada, sem passar luminosidade para a faixa de areia. Esta medida, explica a bióloga, é essencial para não prejudicar os animais.

Segundo Nathália, a luz afugenta a fêmea, que sai à noite para desovar, e desorienta os filhotes, o que pode ser fatal, pois eles nascem no período do final do dia até o início da manhã seguinte e se guiam na escuridão da praia pela luminosidade do horizonte, da lua, estrelas e espuma das ondas.

“É a luz que desperta os filhotes para fazer a caminhada até o mar. Se houver qualquer luz, direta ou indireta, que chame a atenção dos filhotes fora da faixa de areia, eles fazem o caminho inverso. Neste caso podem ficar desidratados, por passar horas procurando o destino, ser predados por algum animal que transite na praia e, em alguns casos, atropelados por acessar a via pública”, detalhou.

O secretário da Secult, Fábio Mota, ressaltou que a iniciativa faz parte das ações de proteção ambiental presentes no projeto de requalificação desse trecho da orla. “Desde o início das obras, a maior preocupação da gestão foi proteger todas as espécies de fauna e flora do local. Para tanto, a obra sempre teve acompanhamento de biólogos, que nos atentou para importância da criação de um viveiro com mudas de restingas para preservação de toda fauna e flora na região, local que também tem uma Área de Proteção Ambiental (APA). Para reforçar esse monitoramento, a chegada do Tamar será um aliado importante para a preservação da fauna marinha, principalmente na identificação de ninhos de tartarugas”, destacou.

Ações – Em Salvador, a maior incidência de desovas das tartarugas marinhas ocorre de março a setembro. Durante este período, as equipes vão percorrer diariamente trechos de praia, identificando e protegendo as desovas, além de avaliar se a área pode acolher o ninho, ou se ele precisa ser realocado. Também será realizada a proteção dos ninhos, colocando marcações para que humanos não caminhem sobre eles, além de numerá-los para acompanhamento.

A bióloga lembrou que o conhecimento é essencial para que possamos desfrutar das praias sem interferir nos processos da natureza. “Dá para haver consenso e harmonia, porque as tartarugas usam as praias à noite e as pessoas durante o dia. Acredito que, com as atividades de educação ambiental, como palestras e caminhadas, para conversar com quem trabalha na praia, vamos engajar novos colaboradores na conservação. A tartaruga é de todos”, reforçou.

A estimativa do Tamar é que em Salvador, no período típico de desova, sejam encontrados anualmente 250 ninhos de tartarugas marinhas. Cada ninho corresponde ao nascimento de 80 a 100 animais, o que resulta em, ao menos, 20 mil novos filhotes por temporada. As espécies mais comuns de tartarugas marinhas encontradas na orla da capital baiana são cabeçuda, pente e oliva.

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