Em uma iniciativa inédita para ampliar a capacidade de atendimentos contra o coronavírus em Salvador, a Prefeitura transformará quatro Unidades da Saúde da Família (USFs) em espaços exclusivos para receber pacientes que necessitam de leitos de enfermaria.
As USFs IAPI, Itapuã, Pirajá e Imbuí passarão a funcionar sob novo formato a partir desta quinta-feira (4) e receberão pelo período de 24h pacientes provenientes das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da cidade. De acordo com o prefeito, essa manobra estrutural será necessária para diminuir a pressão e quantidade de pessoas que estão nas UPAs à espera de vagas de internação.
“Na semana passada já tínhamos transformado salas de odontologia em locais para receber pessoas com Covid-19. Cada sala podia internar três pessoas. Agora vamos ampliar isso, transformando a unidade básica toda apenas para o tratamento da doença”, explicou.
Mesmo com medidas restritivas mais duras em toda a capital e investimentos para ampliar a rede de assistência à saúde, ainda há uma alta procura por internações provocadas pela infecção do Sars-CoV-2. Só no final de semana, Salvador contabilizou 70 pacientes regulados: 33 para leitos de enfermaria, um pediátrico e 26 para UTI. Noventa pessoas ainda estavam aguardando regulação.
“No auge da primeira onda da pandemia, o máximo que chegamos foi 64 pessoas reguladas ou em regulação. Ou seja, a demanda hoje é quase três vezes maior”, comparou Bruno Reis, chamando atenção para a pressão que paira sobre toda a rede privada da capital baiana. Atualmente, quatro unidades particulares registram 100% de taxa de ocupação, sendo elas os hospitais da Bahia, Aeroporto, Jorge Valente e o Santa Izabel.
O prefeito assegurou que ainda esta semana a Prefeitura abrirá uma nova tenda – uma unidade de suporte ventilatório – próxima à UPA dos Barris, com dez leitos de enfermaria e dois de UTI. Este será mais um investimento para garantir atendimento a quem precisar de tratamento contra Covid-19, aliado à recente transformação do Hospital Salvador exclusivo para atendimento aos casos do novo coronavírus e a construção do hospital de campanha em Itapuã.
Prorrogação – O chefe do Executivo municipal também reforçou a necessidade da prorrogação das medidas restritivas para promover maior isolamento social e evitar um colapso na rede de saúde. Portanto, a Prefeitura vai estender o prazo do decreto nº 33.569 que mantém fechados os campos e quadras públicos da cidade, praias, clubes sociais, recreativos e esportivos – inclusive Arena Aquática de Salvador -, assim como os parques públicos. Com isso, a determinação que venceria nesta terça (2), passa a valer até o dia 9.
Quanto às ações regionalizadas de proteção à vida, estas continuarão acontecendo na Pituba, Brotas, Itapuã, Imbuí e Fazenda Grande do Retiro. O bairro da Boca do Rio sairá da lista para a entrada de São Marcos, localidade que vem somando altos índices de contaminação. A inciativa será válida também até o próximo dia 9 e pode ser prorrogada.
Além dos testes rápidos, essas ações complementares incluem distribuição de máscaras, medição de temperatura, higienização e lavagem de ruas, ações de combate ao mosquito Aedes aegypti, apoio às instituições que atendam idosos, crianças e pessoas portadoras de deficiência, localizadas nas áreas, além do atendimento do Cras Itinerante. Nesses bairros, bem como em toda Salvador, apenas atividades consideradas não essenciais poderão funcionar, conforme os decretos estadual e municipal em vigor até as 5h de quarta (3).
Vacinação – Em relação às vacinas, o prefeito disse que a expectativa é que o governo federal distribuía, nesta quarta (3), mais um lote com doses da CoronaVac. Nas últimas 24h, a capital baiana tinha em torno de 2,7 mil doses que iam permitir a imunização do restante dos trabalhadores de saúde e idosos acima de 80 anos. “Se as doses se esgotarem, deveremos suspender atendimento e retomá-lo com chegada de outra remessa. Iremos apresentar o calendário a depender da quantidade que chegar”, destacou.
Bruno Reis lembrou ainda que, no sábado passado (27), participou de uma reunião com membros da Frente Nacional dos Prefeitos (FNP). A entidade tomou a decisão de criar um consórcio de municípios para compra de vacinas, com base na decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) e projeto de lei aprovado no Senado.
“Esse consórcio deverá ser montado em três semanas. Com isso, teremos segurança jurídica e poder de barganha maior para negociar valor e prazo de entrega das vacinas com laboratórios que ainda não têm contrato de venda de imunizantes com o governo federal”, ressaltou.