BAHIA EM REVISTA

Plano prevê mais de R$100 mi para ampliação da rede cicloviária de Salvador em dez anos

Salvador quer chegar a 2034 com 700 km de malha cicloviária, o que representa mais que o dobro da infraestrutura disponível na cidade atualmente (300 km). Para alcançar a meta, o município deve investir mais de R$ 100 milhões, conforme prevê um inédito plano elaborado pela Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) com o apoio do governo britânico, através do UK Pact.

O plano traça 12 objetivos e tem entre os destaques incentivar o uso da bicicleta como um modal de transporte diário em substituição ao transporte motorizado individual e como complemento do transporte coletivo. Além disso, visa integrar a bicicleta aos diversos subsistemas de transporte público e melhorar a infraestrutura cicloviária disponível, de modo a constituir um espaço viário adequado e seguro para a circulação de bicicletas.

A ideia é reforçar o compromisso da capital baiana em ser cada vez mais sustentável, segura e inclusiva, consolidando alternativas de transporte zero emissões de gás carbônico. O documento, inclusive, foi elaborado com base em extensas consultas públicas, análises técnicas e melhores práticas internacionais.

“Esse plano não é simplesmente uma previsão de aumento de rede cicloviária, mas um diagnóstico preciso da infraestrutura atual, mostrando onde deve ser aprimorado e ampliado. Temos políticas para fomentar o uso da bicicleta, como educação, conectividade e integração multimodal”, explicou o secretário da Semob, Fabrizzio Muller.

“Salvador é uma cidade em que 38% da população se desloca a pé, e melhorar os sistemas de cobertura permitirá mais deslocamentos de bicicleta. Pretendemos, com esse plano, chegar a 25 quilômetros de ciclovias por 100 mil habitantes em uma década, atingindo níveis de cidades cicláveis da Europa”, acrescentou o gestor.

Em junho passado, a administração municipal destinou recursos em novas intervenções para ampliar a rede cicloviária da cidade, readequando ciclovias na Avenida Suburbana e do Rio Vermelho. Neste último, alguns trechos passarão a contar com nova ciclorrota, por exemplo, na Rua do Meio, e uma ciclovia ao lado do Mc Donald’s até o Quartel de Amaralina.

Avanços – A Prefeitura de Salvador vem, nos últimos anos, priorizando cada vez mais as políticas para promover o uso das bicicletas, aumentando a extensão da rede cicloviária disponível. Só a título de comparação, a capital baiana saiu de 30 km de ciclovias em 2012 para aproximadamente 300 km de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas em 2022.

Morador do Cabula, Eduardo Vitor Silva, 16 anos, conta que pedala diariamente até o trabalho, num supermercado localizado no bairro da Pituba. “É um meio econômico de transporte. Utilizo a ciclofaixa existente no Saboeiro e sigo pelas avenidas Paralela e Tancredo Neves até chegar no destino”, revelou ele, reforçando o fato de as vias destinadas para ciclistas trazerem mais estímulo para os amantes de pedal.

O cozinheiro Ailton Marques Oliveira, 51 anos, também toma a prática de exemplo e recorda os tempos em que utilizava ônibus para sair de casa na região de Sete Portas até o Rio Vermelho, local de trabalho. “Mudei minha rotina quando descobri que com bicicleta o trajeto seria mais rápido, fora que não tenho que ficar aguardando ônibus no ponto. Acredito que entre ida e volta eu pedalo entre 15 km a 16 km mais ou menos, todos os dias”, pontuou.

A Prefeitura tem intensificado, ainda, esforços para fortalecer os programas de educação de trânsito tanto para o público em geral, mas também para os usuários de bicicleta e assemelhados, através do Movimento Salvador Vai de Bike (MSVB).

Diagnóstico – O Plano Cicloviário de Salvador analisa toda infraestrutura disponível, desde pavimentação, iluminação, sinalização, bicicletários e paraciclos, bem como condições de segurança viária.

O mapeamento mostra que, embora Salvador tenha grande parte de relevo acidentado – conta com 45% da área urbana com declividade acima de 10% –, a cidade apresenta diversas regiões com topografia adequada ao uso da bicicleta e modais assemelhados, favorecidos por uma extensa orla marítima. São mais de 30 quilômetros de vias à beira-mar, dentro dos limites municipais da capital – desde a Baía de Aratu (no Subúrbio Ferroviário) até os limites com a cidade de Lauro de Freitas (na praia de Ipitanga).

A ciclovia da Avenida Suburbana é a mais longa existente no município, com duas faixas de aproximadamente 12 km de extensão, ligando bairros populosos na região. A via para pedal, aliás, foi alargada para atrair um maior número de ciclistas para a área, garantindo assim maior segurança e conforto aos usuários.

Locais mais frequentados – O plano traz ainda uma pesquisa que traz os locais de maior circulação de ciclistas. Os pontos com maior fluxo registrados são Boca do Rio, Pituba, Calçada e Itapuã, sobretudo no horário entre 17h a 19h. Observou-se, também, uma grande movimentação de ciclistas na região da Ribeira, onde também há topografia quase plana, convidativa para o uso de bicicletas, e um fluxo razoável na região de Cajazeiras.

 

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