BAHIA EM REVISTA

Pedra de Xangô é tema do primeiro Patrimônio É do ano

O Patrimônio É… está de volta e, em 2021, os temas vão propor reflexões sobre as ações de preservação e manutenção em torno do patrimônio cultural da cidade de Salvador. A primeira edição deste ano vai abordar o tema “Kaô Kabecilê, vamos caminhar e fazer justiça!”, sobre a conservação da Pedra de Xangô, em Cajazeiras X. O evento vai ser será totalmente virtual, a ser transmitido no canal da Fundação Gregório de Mattos no YouTube, na próxima quarta-feira (24), às 18h30.

A mesa contará com a participação de Ìyá Márcia d’Ọ̀gún, Ìyalọ̀ríṣá do Ìlẹ̀ Àṣẹ Ẹwà Ọ̀lódùmarè, professora mestra e conselheira do Conselho Municipal de Política Cultural; de Leonel Monteiro, presidente da Associação Afro-Ameríndia (AFA); de Pai Barosi de Ode, líder religioso do Ilê Axè Ode Aty Ya Re, em Cajazeiras XI; Fábio Velame, doutor em Arquitetura e Urbanismo pelo PPGAU-UFBA; e do vereador e ex-titular da antiga Secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), André Fraga. A mediação ficará a cargo da historiadora e gerente de Patrimônio Cultural da FGM, Gabriella Melo.

Direitos preservados – Símbolo sagrado e elemento cultural afro-brasileiro, a Pedra de Xangô, localizada na Avenida Assis Valente, em Cajazeiras, tem recebido cuidados constantes através de ações promovidas pela Prefeitura. É patrimônio cultural do município desde 2017, através de tombamento municipal coordenado pela FGM.

Por meio da Secretaria de Sustentabilidade, Inovação e Resiliência (Secis), o local passou a fazer parte da Área de Proteção Ambiental (APA) do Vale da Avenida Assis Valente e Parque em Rede Pedra de Xangô, que criou o projeto Parque Pedra de Xangô, fruto de uma antiga demanda da comunidade de Cajazeiras e das religiões de matriz africana. A ordem de serviço para a execução da obra de implementação foi assinada em fevereiro de 2020.

Para Leonel Monteiro, presidente da Associação Afro-Ameríndia (AFA), uma das entidades que solicitaram o tombamento da Pedra de Xangô, o reconhecimento como patrimônio cultural do município é o principal instrumento para preservação dos sítios religiosos, arqueológicos e culturais da cidade.

“Até porque, para que seja realizado o tombamento, precisa ser traçada uma poligonal. Dentro dela, tudo que ali estiver contido, nós e o poder público temos a obrigatoriedade de preservar na sua originalidade. Como é um monumento natural, entendemos e fizemos esforços para que toda a área que ainda há algum manancial aquífero e de vegetação se transformasse em uma área de proteção ambiental através do parque”, detalha.

Para Maria Alice Silva, autora do livro “Pedra de Xangô: um lugar sagrado afrobrasileiro na cidade de Salvador” e doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela Ufba, o parque é um lugar do sagrado, da ciência e da resistência, sendo um centro de reverência e referência, além de uma encruzilhada religiosa, política e comunitária  do povo de terreiro de Salvador. “Pedra de Xangô é uma construção coletiva e cidadã que deu certo. Poder público, comunidade religiosa e ciência trabalhando juntos na implantação do primeiro parque a levar o nome de um orixá no Brasil. Parabéns ao tripé. Inaugurando uma nova era de se implantar políticas públicas em Salvador, por isso, Pedra de Xangô é enredo, é rede.”, enaltece.

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