Na viagem que faz à Irlanda, onde participa do Encontro Mundial da Família, o Papa Francisco pediu, em nome da Igreja Católica, perdão pelos casos de abuso sexual de crianças e adolescentes cometidos por padres. Em sua prece, o pontífice pediu à Nossa Senhora que interceda pelos sobreviventes desses abusos, e que ajude o clero na reparação de “tanta violência”.
A declaração feita hoje (26) no Santuário Mariano em Knock, o Papa voltou a citar o escândalo dos abusos ocorridos na Irlanda e agradeceu pelos “progressos ecumênicos e pelo significativo crescimento de amizade e colaboração entre as comunidades cristãs” no país.
Ao pedir perdão pelo que classificou de “chaga aberta”, disse caber à Igreja ser firme e decidida na busca da verdade e da justiça. “Nenhum de nós pode deixar de se comover perante as histórias de menores que sofreram abusos, foram despojados da sua inocência ou que foram afastados das mães e abandonados à deformação de dolorosas recordações. Esta chaga aberta nos desafia a sermos firmes e decididos na busca da verdade e da justiça”, disse o Papa.
“Imploro o perdão do Senhor para esses pecados, para o escândalo e a traição sentidos por muitos na família de Deus. Peço à nossa Bem-Aventurada Mãe que interceda por todas as pessoas sobrevividas aos abusos de qualquer tipo e confirme cada membro da família cristã no decidido propósito de nunca mais permitir que se verifiquem tais situações. E também de interceder por todos nós, para que possamos proceder sempre com justiça e reparar, no que depender de nós, tanta violência”, acrescentou o pontífice.
A viagem do papa para o Encontro Mundial da Família acontece depois de um novo escândalo que atingiu a Igreja Católica com a publicação pela Suprema Corte da Pensilvânia, nos Estados Unidos, de um relatório que documenta 300 supostos casos de “sacerdotes predadores” sexuais nesse estado e identifica cerca de mil crianças e adolescentes como vítimas desde os anos 1940.
A ferida dos abusos ainda está aberta na Irlanda, onde dezenas de padres molestaram menores e a hierarquia católica encobriu sistematicamente as denúncias para evitar o escândalo em um período compreendido entre 1975 e 2004.