O encanto das batucadas, a surpresa das máscaras e as cores da folia marcaram o primeiro dia de pré-Carnaval, no circuito Orlando Tapajós (Ondina-Barra), neste sábado (23). Durante o Fuzuê, crianças, adultos e idosos curtiram fanfarras, grupos percussivos e bandos de mascarados, mostrando o melhor dos antigos carnavais, onde o folião pode curtir no chão, lado a lado com os artistas que, por sua vez, sentem a resposta do público de forma instantânea.
O desfile foi aberto pela Banda de Música da Guarda Civil Municipal, seguida do Bike Fuzuê – ciclistas fantasiados, integrantes do grupo Magrelas da Banguela. “Essa é uma grande oportunidade para a população perceber que a integração entre a bicicleta e a cidade é inevitável. Além disso, mostra também que todo lugar é lugar de bike, inclusive no Carnaval”, celebra a aposentada Lúcia Saraiva, 68 anos.
“Os grupos se esforçaram muito para fazer belas coreografias, um trabalho fantástico de adereços e o público acompanha tudo, mesmo quem não está na programação, se fantasiou e veio curtir o Fuzuê. Tudo é muito bem produzido, famílias inteiras participam e recordam velhos carnavais, além de mostrar aos mais novos um pouco do que se vivia antigamente. Assim, estamos também formando o folião do futuro, mostrando um pouco do que vai ser o Carnaval e ter uma festa mais tranquila e amena”, explica o titular da Empresa Salvador Turismo (Saltur), Isaac Edington.
Na Avenida, via-se noivas agarradas pela cintura por heróis de diversas origens. Havia gueixas, marinheiros, travestidos e piratas. Até mesmo o ator Fábio Assunção, o mais recente alvo dos chamados “memes da Internet”, esteve presente através das dezenas de máscaras usadas pelos foliões que desfilavam em meio a homens-aranha, capitães américa e pequenos homens de ferro.
Mistura nostálgica – No cardápio preparado para o folião, o Fuzuê trouxe o maestro Fred Dantas e sua Orquestra de Frevos e Dobrados. Também marcaram presença as Caretas de Cairu, com a seleta de mascarados em imagens de bois, fantasmas, monstros, caveiras e trazendo uma sonoridade única, com o bloco percussivo reforçado por ferramentas rurais como pás, enxadas e ancinhos.
A festa trouxe ainda a tradição folclórica da Zambiapunga, do município de Nilo Peçanha, no sul baiano. O grupo une à batucada ancestral uma levada techno com base em instrumentos formados por elementos da natureza, como búzios e madeiras, além das tradicionais ferramentas rurais.
Defensor dos velhos carnavais e da folia sem cordas, o cantor e compositor Waltinho Queiroz celebra o sucesso do pré-Carnaval. “A primeira vez que eu trouxe o (Bloco) Jacu para a rua, trios elétricos encostaram e mostraram o quanto é incompatível a existência de trios e blocos acústicos no mesmo desfile. Hoje a gente vê essa maravilha que traduz o que é o verdadeiro espírito do Carnaval, cujo nome é Fuzuê”, diz.