Quem passa por Salvador hoje consegue ver inúmeras intervenções que têm transformado não apenas a infraestrutura, mas, também, o clima da cidade. São trechos de orla como Itapuã, Barra, Ribeira e São Tomé de Paripe; praças como a Cairu, no Comércio; conjuntos habitacionais como o Guerreira Zeferina, em Periperi; e até mesmo conceitos como o Ruas Completas, na Rua Miguel Calmon, também no Comércio. Todos esses projetos foram desenvolvidos pela Prefeitura, através da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), que completa 24 anos neste mês de fevereiro.
A presidente da FMLF, Tânia Scofield, destaca que entre os projetos mais desafiadores da pasta está o Plano Salvador 500, instrumento público que planeja a cidade até 2049, quando a capital baiana completará 500 anos. A construção do plano contou com grande colaboração popular, através de amplas discussões com os cidadãos.
Outras metas da Fundação incluem a modernização da biblioteca, que possui o maior acervo de planejamento urbano de Salvador – por conta da pandemia de Covid-19, o atendimento ao público está sendo feito provisoriamente pelo e-mail [email protected]. Há também a finalização da maquete em 3D da cidade, que começou a ser feita ainda na década de 1970 e permite ser constantemente atualizada, em atenção às alterações ocorridas na cidade.
Em andamento – Além disso, dentre as obras em andamento que tiveram o projeto urbanístico elaborado pela FMLF estão o trecho de orla Stella Maris/Praia do Flamengo/Ipitanga e a nova Avenida Adhemar de Barros, em Ondina. Esta, inclusive, passará a ter características que vêm sendo implantadas em grandes vias públicas da cidade de forma gradual.
“O conceito dessa obra é o de ruas completas, como fizemos nas avenidas Miguel Calmon, Sabino Silva, Avenida Sete e Joana Angélica. Precisamos dar maior qualidade às vias para que as pessoas possam transitar com segurança, buscar por comércios ou serviços com melhores condições, por exemplo”, explicou Tânia Scofield.
Ela garante que as propostas urbanísticas desenvolvidas pela autarquia seguem sempre um mesmo sentido. “Buscamos a valorização do pedestre, com ampliação de calçadas e piso compartilhado, além da garantia de acessibilidade”.
Evolução – Criada em 5 de fevereiro de 1997, por meio da lei municipal 5.245, a FMLF é responsável pelo planejamento urbano e os projetos de áreas públicas na capital baiana. A autarquia, vinculada à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), substituiu o antigo Centro do Planejamento Municipal (CPM) como braço da administração pública municipal relacionado a projetos concretizados por toda a cidade, desde o centro até regiões periféricas.
O nome da fundação presta homenagem ao notável engenheiro e urbanista baiano Mário Leal Ferreira, nascido em Santo Amaro da Purificação em 1895. Ele foi um dos maiores responsáveis pelo urbanismo soteropolitano a partir da década de 1940, tendo chefiado até o fim de sua vida o Escritório do Plano de Urbanismo da Cidade do Salvador (EPUCS).
A presidente da FMLF ressalta que a instituição voltou a ser uma peça-chave no processo de transformação urbanística da capital baiana. “A Fundação esteve esquecida por um período, mas foi resgatada a partir de 2013”, declara Tânia. Parte dessa valorização inclui a nova sede, localizada no Edifício Roosevelt, no Comércio, que contribui também para a recuperação urbana da região.
A estrutura atual da autarquia se subdivide em duas diretorias, que abarcam as responsabilidades de planejamento urbano e elaboração de projetos em áreas públicas de Salvador. Dentre as atribuições citadas, a Diretoria de Planejamento cuida, ainda, da biblioteca da fundação. Já a Diretoria de Projetos se reparte em Projetos Urbanísticos e Projetos Especiais.
Reconhecimento – Salvador foi reconhecida pelo World Resources Institute (WRI) como a cidade brasileira que mais implementou o conceito de Ruas Completas, baseado na adoção de uma distribuição democrática dos espaços públicos municipais. A presidente da FMLF avalia esse destaque internacional como fruto do trabalho realizado ao longo dos últimos oito anos, com foco na requalificação, sustentabilidade e acessibilidade.
“Temos trabalhado muito para promover transformações em termos ambientais e urbanísticos que resultam na melhoria da qualidade de vida de todos que aqui vivem e trabalham. Queremos e temos atuado para uma cidade sustentável, acessível, inclusiva e cuidada”, finaliza Tânia.