Líderes estudantis de duas universidades de Hong Kong rejeitaram o convite da chefe do Executivo, Carrie Lam, para um diálogo sobre os recentes protestos contra a lei de extradição. Em entrevista, os jovens questionaram a sinceridade de Carrie Lam, que propôs uma reunião a portas fechadas, quando o governo da antiga colônia britânica tenta aliviar a crise política que começou há um mês.
Os estudantes exigem que a reunião seja pública e que inclua uma representação mais ampla. Os líderes mais jovens de Hong Kong assumiram a liderança dos protestos contra a proposta de lei de extradição, com número recorde de participação. Duas manifestações foram marcadas por violentos confrontos entre a polícia e os estudantes. Os protestos obrigaram a chefe de Governo a suspender a discussão da proposta de lei e a pedir desculpas à população. Carrie Lam, no entanto, sempre se recusou a retirar definitivamente da pauta o projeto de lei.
Na segunda-feira (1º), dia em que a região comemorava o 22.º aniversário da transferência de soberania para a China, centenas de manifestantes quebraram vidros e destruíram grades para entrar na sede do Conselho Legislativo.
Lá dentro, escreveram slogans nas paredes, reviraram arquivos e espalharam documentos no chão. Carrie Lam condenou a invasão da sede do Parlamento, mas mostrou-se disposta a dialogar com todos os setores, inclusive com a juventude que tem liderado os protestos.
Os defensores da lei argumentam que caso seja mantida a impossibilidade de extraditar suspeitos de crimes para países como a China, Hong Kong poderá se transformar num “refúgio para criminosos internacionais”. Os manifestantes temem que a região fique à mercê do sistema judicial chinês, como qualquer outra cidade da China continental, e de uma Justiça politizada que não garanta a salvaguarda dos direitos humanos.
A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999 respectivamente, ocorreu sob o princípio “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em discussão.
Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acertado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, no Executivo, Legislativo e Judiciário, sendo o governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.