Dez estudantes da Universidade Federal da Bahia (Ufba), ligados à Faculdade de Arquitetura, à Escola Politécnica e ao Bacharelado Interdisciplinar (BI) de Artes, venceram a competição global de design urbano sustentável “Estudantes Reinventando Cidades” (ou, em inglês, Students Reinventing Cities), que reuniu equipes de estudantes de todo o mundo com a missão de propor soluções para 17 cidades espalhadas por todo o globo. Em Salvador, a solenidade de premiação ocorreu no Auditório do Arquivo Público Municipal, no Comércio.
Além da capital baiana, estavam na lista Buenos Aires (Argentina), Guadalajara (México), Joanesburgo (África do Sul), Amã (Jordânia), Los Angeles (Estados Unidos), entre outras. O grupo soteropolitano, denominado Urbanautas, teve como missão pensar uma solução de planejamento urbano social e verde para Salvador. Assim, concebeu um projeto para a região do Pilar, situada na Cidade Baixa, entre os bairros do Comércio e Água de Meninos.
Ao todo, a capital baiana recebeu sete propostas de projetos, incluindo a de uma equipe formada por jovens do Colorado, nos Estados Unidos. As equipes ficaram livres para escolher as cidades, e cada uma delas premiou as melhores ideias que lhe foram propostas.
“O projeto foi considerado o mais completo pelos jurados. O diferencial foi que, além de aspectos de infraestrutura e urbanismo, ele também aborda questões sociais, de integração entre os moradores do Pilar e o espaço, assim como aspectos de sustentabilidade, como a inclusão de áreas verdes para melhorar a qualidade de vida dos habitantes. O projeto também propõe espaços de convivência e lazer, o que fortaleceu ainda mais a ideia de integração e qualidade de vida”, explica a chefe do Escritório de Cooperação Internacional (ECI) da Prefeitura de Salvador, Nathália Peixoto.
Oportunidade – A competição global foi organizada pela C40 Cities, uma rede global de prefeitos das principais cidades do mundo que estão unidos em ações para enfrentar a crise climática. Na capital baiana, a iniciativa contou com o apoio da FMLF, do Escritório de Cooperação Internacional (ECI) de Salvador e da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ).
“Todos os participantes ganharam muito com essa experiência. Eles tiveram a oportunidade de se aproximar da gestão pública e aplicar seus conhecimentos acadêmicos em problemas reais da cidade. Isso é extremamente valioso para o currículo deles e pode abrir portas para futuras colaborações. Além disso, estar vinculado a uma rede internacional de renome, como a C40, é uma excelente oportunidade”, completa Nathália.
Tânia Scofield, presidente da Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), que já atua com projetos de intervenção na região do Pilar, afirma que a ideia vencedora do concurso pode ser replicada em outras áreas da cidade, assim como aquelas propostas que não chegaram ao primeiro lugar, mas que trouxeram soluções pertinentes.
“É uma grande oportunidade que a Prefeitura de Salvador está oferecendo aos jovens para que eles possam pensar a cidade junto conosco. Ou seja, ampliamos as possibilidades de estudantes e profissionais refletirem sobre a cidade e suas dificuldades, que são muitas, especialmente aquelas com um nível elevado de complexidade. Acredito que essa é uma oportunidade única”, comenta a presidente da FMLF.
“Como fiz parte do júri, posso dizer que, de modo geral, os trabalhos foram muito bons. As propostas apresentadas foram excelentes. Foi incrível ver o nível de criatividade e o olhar voltado tanto para a questão social quanto para a ambiental, que são dois eixos que tratamos de forma muito especial”, completa Tânia.
Fernanda Lordêlo, titular da SPMJ, ressalta que o projeto oferece uma oportunidade importante para os jovens de Salvador se envolverem ativamente no desenvolvimento da cidade. Na avaliação dela, ao trazerem suas ideias e perspectivas, os participantes contribuíram para a criação de políticas públicas mais modernas e adaptadas à realidade da juventude.
“Temos uma juventude criativa que precisa de mais oportunidades de participação efetiva. Esse projeto foi fundamental para que possamos aplicar o talento desses jovens em propostas de políticas públicas para a nossa cidade. Quando eles estudam e fazem essas intervenções, estão nos ajudando a construir estruturas a partir da perspectiva jovem, trazendo o que há de mais moderno”, diz a gestora.
Motivação – Yrlan Santos, integrante do grupo vencedor, conta que ele e sua equipe foram motivados a participar do concurso global durante as disciplinas de urbanismo da instituição. A proposta, segundo ele, busca responder a desafios como as mudanças climáticas e o impacto que o design urbano pode ter na melhoria da cidade.
“Trabalhamos com uma série de questões, como a mobilidade com rotas ativas. Pensamos em uma cidade com o conceito de ‘15 minutos’ (acesso aos serviços a até 15 minutos da residência do cidadão). Se uma cidade funciona para as pessoas que ali moram, ela também funcionará para quem vem de fora, atraindo mais pessoas para o local. Além disso, propusemos a criação de um centro sociocultural como elemento central do edifício proposto, abrangendo anexos e as ruínas presentes no local. A ideia era transformar o complexo em um espaço que fizesse parte do cotidiano dos moradores”, explicou o jovem.
A equipe também sugeriu a implementação de uma economia circular, criando um espaço de capacitação e transformação, onde os resíduos sólidos seriam reaproveitados no próprio local. Além disso, propuseram a capacitação da comunidade para a promoção da empregabilidade.