Todos os equipamentos culturais administrados pela Prefeitura de Salvador possuem gratuidade às quartas-feiras, possibilitando que moradores e turistas possam conhecer o rico acervo da cidade sem desembolsar nada por isso. Os museus da cidade permitem um passeio não apenas pela história, mas também pela diversidade da produção artística, literária, musical, fotográfica e cultural local.
Alguns dos primeiros equipamentos culturais abertos para a preservação e apresentação desse rico acervo na cidade foram o Carybé de Artes (situado no Forte de São Diogo) e o Pierre Verger da Fotografia Baiana (Forte Santa Maria), ambos no Porto da Barra.
O Espaço Carybé é um centro tecnológico de referência da vida e obra do artista argentino Hector Julio Páride Bernabó (1911-1997), o Carybé, radicado na Bahia desde 1950, após ter se apaixonado por Salvador e tê-la escolhido para fixar moradia. O local exibe a beleza e autenticidade expressas nas diversas técnicas presentes em suas obras. Mais de 500 obras podem ser acessadas por meio da tecnologia, possibilitando aos visitantes uma experiência lúdica, poética e interativa, dando a cada um a possibilidade de criação de sua própria mostra.
Artista plástica e mediadora do local, Tamiles Doralício destaca como um dos aspectos fascinantes da obra de Carybé a maneira com que ele conseguiu imprimir movimento em suas produções, principalmente de pessoas. “Carybé foi um artista muito plural, com pinturas, esculturas, desenhos, figurinos para cinema e teatro. Ele conseguia trazer movimento para materiais difíceis de manipular, a exemplo do concreto e do ferro. Esse painel do Museu Afro-Brasileiro da UFBA [Mafro], por exemplo, eu acho a coisa mais linda. Olha esse Omolu dançando”. Por meio de totens interativos é possível acessar diferentes obras, que inclusive estão expostas em diferentes pontos da cidade.
O motorista paulista Everton Nogueira, de 37 anos, esteve em Salvador pela primeira e gostou muito do equipamento e da possibilidade de visitá-lo gratuitamente. “Estou amando, muito bom! As pessoas daqui são muito acolhedoras. Aqui é um espaço de cultura e ao mesmo tempo de conhecimento sobre a história do Brasil, das diferentes etnias e obras. Legal ter museus, equipamentos culturais para conhecer mais um pouco da cultura, que é a nossa essência”.
A aproximadamente 500 metros, o Espaço Pierre Verger da Fotografia Baiana reúne cerca de 5 mil fotografias (impressas e digitais) divididas em seis eixos temáticos: retratos, paisagens urbanas, cultos afro-brasileiros, interior da Bahia, cenas do cotidiano e fotografia contemporânea. As imagens são de Verger e de mais 100 fotógrafos que nasceram ou que em algum momento fixaram moradia na Bahia.
“Esse espaço homenageia e contempla Pierre Verger, fotógrafo francês que veio a Salvador na década de 1940 e morou aqui até o fim de sua vida em 1996 e fotografa muito bem o nosso contexto social e religioso. Para além dele, a gente tem uma outra ótica no espaço que contempla outros 100 artistas, então aqui a gente tem uma exposição coletiva que fala sobre Salvador, Bahia e o Nordeste. Uma das imagens que gente sempre destaca é a foto de Pierre Verger em frente ao espelho, que a gente chama de primeira selfie do mundo”, conta o mediador Thiago Damasceno.
Nativa de Lençóis, na Chapada Diamantina, e guia de turismo, Soraia Costa, de 35 anos, teve uma experiência única ao visitar o local. “Eu sou filha de garimpeiro, meu pai já é falecido. As minhas raízes estão muito presentes em Lençóis, tanto que brotou em mim essa vontade de ser guia de turismo. Foi muito especial poder chegar em uma cidade, na capital, mais especificamente, e poder ver figuras ilustres do meu município. Foi isso que aconteceu aqui hoje quando eu vi a avó de uma amiga minha retratada em uma foto de Pierre Verger. Na mesma hora eu fiz uma chamada de vídeo para a minha amiga e nós duas choramos. Foi muito emocionante sair da minha cidade, chegar em uma cidade grande com uma exposição linda dessa e ver alguém que representa a minha origem”.
Os Espaços Carybé de Artes e Pierre Verger da Fotografia Baiana recebem, juntos, uma média de mil visitantes por mês, mas na alta estação e período de férias escolares o número é ampliado. Janeiro, por exemplo, teve uma visitação média de 1.300 pessoas nos dois espaços. Nas quartas-feiras, a visitação aumenta, devido à gratuidade. Além da visitação espontânea, grupos escolares também podem agendar uma visita mediada.