O Hospital Estadual da Criança (HEC) registrou um recorde no número de atendimentos da emergência pediátrica. Na comparação entre janeiro e março deste ano, houve um crescimento de mais de 100%. Saltou de 1.540 para 3.170 casos. Somente nos 14 primeiros dias de abril, foram computados mais 1.544 atendimentos.
A diretora operacional do hospital, Lívia Leite, ressalta que, em 2023, a média de atendimentos nos três primeiros meses foi de 1.577. “Houve um crescimento muito grande na procura pela emergência. Estamos tendo um aumento de casos de doenças respiratórias. O hospital tem se preparado para poder acolher a demanda, mas é muito importante destacar que o HEC é um hospital para alta e média complexidade, ou seja, para casos graves”, explica.
Recentemente, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) anunciou a abertura de mais leitos pediátricos no estado para enfrentar a situação. No caso do HEC, aos casos de doenças respiratórias, se somam, ainda, as ocorrências de dengue.
Médico infectologista pediátrico do HEC, Igo Araújo alerta para a tendência de aumento progressivo de casos respiratórios até o final do inverno e explica quais cuidados os pais devem tomar ao lidar com crianças com sintomas de vírus respiratórios.
“Entramos em abril e, cada vez mais, vamos ver o aumento dos quadros gripais. Já estamos percebendo muitos casos dentro de hospitais, tanto na rede particular como na rede pública, e também em ambulatório”, relata o infectologista.
O Sistema Único de Saúde é organizado por níveis de atenção: primária, secundária e terciária. A atenção primária é o posto de saúde, a Unidade Básica (UBS) ou Unidade de Saúde da Família (USF), que atuam como ponto inicial de contato com o Sistema. Atenção secundária prevê cuidados especializados e diagnósticos mais complexos, envolvendo as Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e algumas unidades básicas de saúde que atendem a emergência. Já a atenção terciária são os hospitais, as unidades de internação altamente especializadas, direcionadas para atender casos complexos, os casos mais graves.
“Então, quais são os critérios básicos do SUS? Que façamos um bom acompanhamento ambulatorial na unidade primária, na unidade básica de saúde, pra gente antecipar os fatos. Se, porventura, o paciente tiver uma complicação ou um quadro de emergência, ele deve procurar uma unidade de emergência, que são as UPAs. E, de lá, ele será triado: se está tudo bem, segue acompanhando o caso em ambulatório, na unidade básica de saúde. Se não está tudo bem, realmente há a necessidade de internação, o paciente irá se encaminhar para o atendimento terciário”, explica.
Ainda segundo o infectologista, o atendimento terciário funciona como “a ponta, com a internação”. “É o atendimento secundário que irá filtrar se o paciente vai para o terciário ou para o primário. E, hoje, o Hospital Estadual da Criança é unidade terciária, de alta complexidade, onde são priorizados os casos mais graves, com as doenças mais complexas”, acrescenta.
O infectologista frisa que, em casos de sintomas mais leves como tosse e resfriado, é necessário o repouso, monitorar a temperatura, oferecer bastante líquido e alimentação nutritiva. “Muitas vezes, é necessário acompanhar essa criança em casa, com medicamentos que já estão acostumados, orientados pelo pediatra. Não notando melhora ou observando a piora dos sintomas, o caminho é procurar uma unidade básica ou UPA. Se houver gravidade e necessidade de internação, o hospital estará aberto para atender esses pacientes”, complementa.
É importante, ainda, atuar na prevenção da transmissão desses vírus respiratórios. “Recomendo o uso de máscara, principalmente para aqueles que estão sintomáticos. Estou com sintomas, moro com o meu filho? Uso a máscara de sete a dez dias, a depender do vírus, para não transmitir para ele. Então, é o mesmo cuidado que a gente ouviu falar durante a pandemia da Covid-19, o “pecar pelo excesso”, usar a máscara e evitar ter contato direto, porque a gente sabe que a chance de transmissão desses vírus é alta”, finaliza.