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Desal produz mais de 5 mil peças de mobiliário urbano por mês

Quem adentra a sede da Companhia de Desenvolvimento Urbano de Salvador (Desal) pela primeira vez se surpreende com o tamanho, estrutura e produtividade do local. Responsável pela fabricação de todo o mobiliário urbano da capital, além de peças que compõem a infraestrutura e o sistema de drenagem, a companhia produziu mais de 66 mil peças para a cidade, durante todo o ano de 2022, e 5,5 mil peças, em janeiro deste ano.

O órgão vinculado à Seman tem lugar reservado na história da arquitetura brasileira. Surgiu como fruto da fundação da Companhia de Renovação Urbana de Salvador (Renurb) por João Filgueiras Lima, o Lelé, considerado um dos principais arquitetos do país e responsável por projetar grandes obras em Salvador, na década de 1980, com destaque para a implantação das peças pré-moldadas em argamassa armada.

A argamassa armada é um tipo de concreto, armado com o uso de componentes de menor espessura, a exemplo do pó de pedra – ao invés de brita – e de fios de pequeno diâmetro soldados, substituindo as ferragens com bitolas maiores. A técnica, utilizada até hoje na Desal, possibilita que sejam criadas peças com resistência similar à do concreto armado, porém mais finas, com formas mais harmoniosas.

“A Desal tem o privilégio de ter a expertise nesse tipo de trabalho, que torna as peças mais leves e de fácil utilização. Graças a essa expertise, atualmente, a companhia está produzindo os pré-moldados, para a recuperação do módulo de pós-graduação da Faculdade de Arquitetura da Ufba (Faufba). Como esse bloco já tinha sido feito para a faculdade, há mais de 30 anos, surgiu o convite para a parceria”, conta o presidente da Desal, Virgílio Daltro.

Estrutura – A Desal está dividida em seis setores: o de argamassa e concreto, que fica logo na entrada da Companhia; o setor de metalurgia; o de carpintaria; a parte de armação (esqueleto da estrutura de concreto); o setor de pintura e o de fibra.

O galpão de concreto tem 3,3 mil metros quadrados e por mês recebe 600 sacos de cimento, 50 metros cúbicos de areia e 100 toneladas de brita. Diariamente, são produzidos em torno de 200 meios-fios e oito conjuntos de mesa e bancos, além de vários outros itens para a cidade.

“É uma fábrica municipal que trabalha para a cidade. Com isso é possível reduzir custos, pois não é preciso contratar os serviços de outra empresa e nem arcar com deslocamento. Há também a redução da burocracia e rapidez no atendimento. Por haver um pátio fabril aqui, é possível viabilizar soluções rápidas”, afirma Jarilson Paim, arquiteto urbanista e assessor da presidência da Desal.

Praças – Atualmente, o carro-chefe da Desal tem sido as praças. Apenas na atual gestão, a Desal já entregou 268 praças e realizou 789 manutenções nesses espaços de lazer. Outros 50 projetos estão em andamento. “A meta é revisar cada praça na cidade, pelo menos duas vezes no ano”, diz Daltro.

Todo o mobiliário das áreas de convivência e lazer são produzidos pela Desal, incluindo bancos antivandalismo, bancos com encostos e em formato de poltronas, mesas, brinquedos para os parques infantis, casa de Tarzan, minibasquete, esculturas, alambrado e cachorródromo, entre outros.

“A partir do momento em que uma praça é erguida, são criados pontos de encontro entre o cidadão e a sua cidade. Com isso, ele passa a tomar mais cuidado, pois compreende que há um retorno ao usar aquele espaço. São locais para a prática do lazer ativo, que inclui a caminhada, a bicicleta e a prática de esporte e também para a prática do lazer contemplativo, para sentar no banco, debaixo de uma sombra, por exemplo”, diz Jarilson.

Outros equipamentos – Um dos desafios para a Desal foi a reconstrução da Fonte da Rampa do Mercado, diante da destruição da escultura original por um incêndio, em 2019. O monumento à cidade de Salvador foi elaborado por Mário Cravo Júnior e inaugurado na década de 1970. A parte estrutural foi produzida pela Superintendência de Obras Públicas (Sucop) e toda a parte de fibra foi produzida pela Companha.

Inaugurada em janeiro deste ano, a peça foi produzida em fibra, resina antichama e longarinas em poliuretano. “Utilizamos uma laminadora para criar as estruturas grandes. No começo foi um desafio, achamos que seria difícil de fazer, mas reunimos a equipe, conversamos e chegamos a um resultado bom, mesmo diante das dificuldades. Conseguimos associar o conhecimento e a nossa expertise, nas passarelas e estruturas de grande porte, à montagem do monumento. Fizemos a montagem da parte de fibra em apenas dois meses, um prazo que surpreendeu a todos”, contou Vitor Melo, gerente fabril da Desal.

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