Com o intuito de acolher e de orientar as mulheres vítimas de violência no Carnaval de Salvador, a Prefeitura montou um Centro de Referência de Atenção à Mulher (CRAM), na Praça do Campo Grande, no Circuito Osmar. Nos quatro primeiros dias de festa, mais de 700 mulheres passaram pelo local, que prestou atendimentos psicossociais e jurídicos. Desse total, 98 denunciaram crimes de importunação sexual praticados na folia.
Além dos serviços no posto físico, equipes da Secretaria de Políticas para Mulheres, Infância e Juventude (SPMJ) circulam pelos percursos da festa fazendo busca ativa de casos de violência e prestando orientações às mulheres. As ações integram a campanha “Meu não é lei! Depois do não, tudo é assédio”, desenvolvida pela pasta.
Apaixonada pelo Carnaval, Ângela de Carvalho Pinto, de 42 anos, faz questão de curtir todos os dias. Neste ano, veio acompanhada das duas filhas, de 18 e 12 anos. Segundo ela, a festa tem sido muito tranquila. “Graças a Deus, estou com minhas meninas na rua e não passamos por nenhum tipo de constrangimento. Mas, se alguém mexer ou fizer qualquer tipo de provocação, sei bem onde gritar”, disse a carnavalesca enquanto recebia orientações da equipe do CRAM.
O posto funciona com apoio da Guarda Civil Municipal (GCM) de Salvador. No espaço, 10 profissionais, incluindo psicólogos, assistentes sociais e profissionais jurídicos prestam as primeiras orientações às vítimas. Um outro CRAM funciona no Circuito Dodô com a mesma estrutura.
A psicóloga Brenda Santos atua no posto e também nas abordagens nas ruas. Segundo ela, as mulheres precisam ficar atentas a todos os tipos de violência que incluem os crimes de assédio, importunação sexual, violência psicológica, agressões ou empurrões.
“Estamos aqui para acolher, cuidar e orientar. Não aceite nada que te fira, esse é nosso recado. Lembrar também que é preciso sororidade, mulheres ajudam mulheres. Caso alguma mulher presencie uma outra sendo vítima, ajude, grite, denuncie”, orientou a profissional.
No trabalho de campo, equipes de abordagem circulam pelos circuitos entregando o “Violentômetro”, um folheto que traz uma escala com os graus de violência que uma mulher pode sofrer, desde o xingamento até o feminicídio.
Nos casos de violência em que a vítima precisa ser afastada do agressor, os profissionais orientam sobre o Centro De Atendimento à Mulher Soteropolitana Irmã Dulce (CAMSID), que também atua com funcionamento ininterrupto de 24h, como suporte para acolhimento provisório das vítimas. A Casa da Mulher Brasileira também está preparada para atender casos que necessitem de deslocamento