BAHIA EM REVISTA

Bibliotecas municipais fomentam a pesquisa e o gosto pela leitura em Salvador

Mesmo com todo o avanço tecnológico, a Biblioteca Municipal Edgard Santos, na Ribeira, segue em pleno funcionamento, com uma agenda cheia de atividades e atendimento a um público diverso de leitores. Este ano, o espaço de leitura completa 45 anos de funcionamento e promove, todas as sextas-feiras, atividades como contação de histórias, cineminha e oficinas diversas.

Na semana passada, a pedagoga do local, Sônia Maria Coelho, recebeu 15 alunos, com idades entre sete e oito anos, do Centro Educacional Comunitário Educar para Libertar. A tarde foi de leitura da história “A velhinha que dava nome às coisas”. As crianças escutaram atentas e depois responderam às perguntas que a pedagoga fez sobre a historinha. Em seguida, os pequenos ainda usaram a imaginação para desenhar a personagem que mais gostaram da história e também participaram de uma visita guiada às salas de leitura da biblioteca.

“Cada vez que vem um grupo de escola, a gente abre as portas para que eles possam ver no ambiente de leitura uma oportunidade de lazer e de conhecimento e, normalmente, eles ficam encantados. Você vê que estava todo mundo quietinho, prestando atenção, responderam tudo que eu perguntei após a leitura e isso faz com que a biblioteca tenha novos leitores. Esse é o nosso papel, fazer da leitura algo prazeroso, um instrumento de conhecimento e de pesquisa que leva as pessoas para um lugar muito além do que imaginaram”, contou Sônia Coelho.

Importância da informação – O professor Vagner Sacramento, de 39 anos, destacou que espaços como o da biblioteca incentivam o gosto pela leitura e escrita. “O acesso à leitura e à pesquisa faz com que as crianças se tornem mais críticas e tenham mais discernimento em relação ao conteúdo que irá consumir. Além disso, apesar da facilidade de acesso que a tecnologia oferece, o excesso de conteúdo às vezes acaba tirando o foco. Uma atividade como essa trabalha esse foco e atenção dos alunos e leitores”, opina.

Mensalmente, uma média de 400 pessoas frequentam a biblioteca, gerida pela Fundação Gregório de Mattos (FGM). Sônia Coelho conta que hoje a biblioteca tem diversos leitores, inclusive alguns até com 40 anos e que iniciaram a leitura no equipamento ainda crianças. “Muitos vieram aqui ainda pequenos e depois estudaram e passaram em concurso. Essa semana recebemos uma pessoa com quase 50 anos. Ela chegou na sala e se emocionou. Ela contou que frequentava a biblioteca desde pequena, ouvia contação de história e depois passou a fazer pesquisa. Ela chorou muito e nós a abraçamos”, complementou.

Acervo – Situada na Avenida Porto dos Mastros, a Biblioteca Edgard Santos conta com um acervo de 17 mil exemplares e recentemente recebeu mais doações de livros, que passarão pelo processo de triagem e de catalogação para em seguida serem disponibilizados para a leitura. Há livros didáticos, clássicos da literatura, como Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, diversas obras de Willian Shakespeare e de importantes escritores da literatura nacional, como Machado de Assis.

O local também tem exemplares da literatura infantojuvenil e até mesmo livros centenários, a exemplo de Os Sermões de Padre Antônio Vieira, de 1908, e Resenha Histórica da Península de Itapagipe, de 1915.

“A gente percebe uma mudança após o avanço da tecnologia. Antigamente, as pessoas faziam fila para ter acesso aos livros. Agora, o movimento é bem menor e há períodos de maior e menor procura. Apesar da tecnologia, eu acredito que o livro impresso não vai acabar. Primeiro, é importante ressaltar que a comunidade é carente e necessita desse conteúdo da biblioteca. Além disso, o livro digital demanda recursos, como o aparelho e a internet, que nem sempre estão disponíveis. Já o livro impresso pode te acompanhar aonde você for”, opina o bibliotecário do espaço, Paulo Sérgio Brito.

Interessados em fazer uma visita e até mesmo participar de debates sobre determinado tema podem entrar em contato com a biblioteca para fazer o agendamento, através do telefone (71) 3202-7878. Além da leitura presencial, a biblioteca faz empréstimos. Para isso, é necessário fazer um cadastro, apresentando o RG, CPF, comprovante de residência e três números de telefone para contato. Após o cadastro, é possível levar até três livros para devolução em até 15 dias, com direito a uma renovação.

Espaços de leitura – Salvador mantém atualmente três bibliotecas municipais, que recebem um público diverso, desde crianças a idosos. Além da Edgard Santos, na Ribeira, também funcionam a Denise Tavares, na Liberdade (com uma média mensal de 400 leitores); e a Nair Goulart, em Valéria (com uma média mensal de 250 leitores). Além disso, a FGM mantém em torno de 29 bibliotecas comunitárias, que atuam em bairros como Calabar, Cajazeiras, Escada, Periperi, Plataforma e Itapuã.

Leave a Reply

Input your search keywords and press Enter.