Salvador apresenta o menor índice de emissão de gás carbônico (CO2) dentre as capitais brasileiras, segundo dados do “Mapa da Desigualdade entre as Capitais”, elaborado pelo Instituto Cidades Sustentáveis (ICS). O levantamento pautará debates importantes na 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que será realizada em Belém (PA), entre 10 e 21 de novembro de 2025.
Divulgado neste ano, o estudo conta com o apoio da União Europeia (UE) e da Frente Nacional de Prefeitos (FNP) e elenca as 26 capitais brasileiras por seu desempenho em uma série de tópicos. Os dados demonstram que a capital baiana tem contribuído com a diminuição das emissões de CO2 per capita no Brasil, com taxa de 1,06, liderando o ranking nacional e ficando à frente de capitais referência no tema como São Paulo e Curitiba. Fecham o pódio de menos emissoras de CO2 as cidades brasileiras de Maceió, com taxa de 1,12, e Belém, com taxa de 1,14.
A liderança de Salvador no topo do ranking é comemorada pelo titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência, Bem-estar e Proteção Animal (Secis), Ivan Euller. “Estamos trabalhando diariamente pela diminuição da emissão de gases em Salvador. Nosso compromisso é neutralizar as emissões até o ano de 2049, quando nossa capital completa 500 anos”, assinala o gestor.
Diante dos desafios climáticos e atenta sobre a importância em promover o desenvolvimento sustentável da cidade, a gestão municipal desenvolveu o Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças do Clima (PMAMC), documento que norteia práticas que reconhecem a necessidade de um desenvolvimento inclusivo, de baixo carbono e resiliente, aos efeitos da mudança do clima na cidade.
Uma das diretrizes do PMAMC para garantir a redução dos índices de carbono é o Inventário de Gases de Efeito Estufa de Salvador, que está em sua terceira edição. O documento descreve práticas adotadas pelo município e elenca resultados conquistados.
No setor de energia, a cidade tem o maior programa de incentivo ao uso de energia solar. “Acho que estamos bem perto do aumento de 500% do uso dessa energia em Salvador entre o período de 2020 até agora 2024. Vamos seguir trabalhando nos mais diversos setores, como transporte, resíduo e energia para continuar melhorando nossos índices”, pontuou o secretário da Secis.
Euller destaca, ainda, como um dos resultados efetivos dessa estratégia o trabalho desenvolvido no aterro sanitário pela Bahia Transferência e Tratamento de Resíduos (Battre), que é uma das unidades de valorização sustentável do Grupo Solví, contratado pela Prefeitura.
Transporte público – No setor de transporte público, por exemplo, o que mais emite gases, Salvador implantou o BRT, modal que trouxe veículos mais modernos e menos poluentes para a cidade e diminuiu os índices de CO2 emitidos.
O sistema se prova 14 vezes menos poluente que o carro ou duas vezes menos que os ônibus convencionais. Apenas os ônibus da frota elétrica conseguiram evitar a emissão de 540 toneladas de CO2 desde 2022, ano em que começaram a circular na capital baiana. Na soma de ações, a capital baiana também ganha destaque por possuir o maior eletroterminal público de recarga para ônibus elétricos do Brasil.
Uma outra iniciativa tem se destacado no transporte público da capital baiana, a fim de reduzir a produção de gases nocivos para atmosfera: a modernização da frota com motorização saindo de Euro 5 para Euro 6. Este último tem a capacidade de reduzir até 77% dos níveis de emissões de gases, se comparado ao padrão anterior.
Energia limpa – Entre as ações em prol do incentivo ao uso de energia limpa está o desenvolvimento da malha cicloviária. Salvador quer chegar a 2034 com 700 km, o que representa mais que o dobro da infraestrutura disponível na cidade atualmente (300 km).
Para alcançar a meta, o município deve investir mais de R$100 milhões, conforme prevê um inédito plano elaborado pela Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) com apoio técnico do Banco Mundial e financiamento do governo britânico, através do UK Pact.
“Essas iniciativas colocam Salvador cada vez mais em uma agenda de desenvolvimento sustentável. Estamos trabalhando para garantir que tenhamos veículos mais sustentáveis para contribuir com a redução na emissão CO2 na atmosfera”, afirma o secretário de mobilidade, Fabrizzio Muller.
O plano traça 12 objetivos e tem entre os destaques incentivar o uso da bicicleta como um modal de transporte diário em substituição ao transporte motorizado individual e como complemento do transporte coletivo.
Conferência – Durante a 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, representantes e gestores irão se reunir para discutir mecanismos que possam zerar o CO2 – um dos principais Gases do Efeito Estufa (GEE).
Na oportunidade, Salvador poderá explanar práticas ambientais e os cases de sucesso implantados nos últimos anos. “Está evidenciado que estamos no caminho certo, como a primeira capital do país no ranking de menor emissão de gás carbônico. Com certeza, seremos exemplos para muitas outras cidades do Brasil e até mesmo do mundo”, considerou Ivan Euller.