Duas turmas com 80 baianas participaram do início das aulas da capacitação empreendedora ofertada pelo Programa Sou Salvador, na sede do Serviço de Intermediação de Mão de Obra (Simm), no Comércio. Na atividade, as alunas trocaram vivências e receberam dicas para organização do tabuleiro, cuidados com a vestimenta, noções de planejamento financeiro, técnicas de atendimento ao turista, precificação e controle das habilidades emocionais.
Até o início de 2025, pelo menos 300 profissionais do segmento serão beneficiadas pelos cursos oferecidos pela Prefeitura, através das secretarias de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec) e de Ordem Pública (Semop).
Durante a abertura da programação de aulas, a diretora do Trabalho e Empreendedorismo da Semdec, Maria Eduarda Lomanto, destacou que o Sou Salvador tem como foco principal melhorar a qualidade dos serviços ofertados a partir do fortalecimento da autoestima e dignidade das trabalhadoras que atuam nesse nicho de mercado.
“Esse programa nos dá alegria há um ano e meio, e nosso objetivo é ampliá-lo cada vez mais. Hoje, estamos aqui com nossas baianas, símbolos da cultura da Bahia. Elas que estão por todos os cantos da cidade e fazem com que a recepção dos turistas que vem a Salvador seja um sucesso. É uma honra, para nós, capacitar essas mulheres que apresentam o que nossa capital tem de melhor, sempre com sorriso amigo, vendendo nossa comida gostosa”, disse. Todas as baianas beneficiadas pelo curso são credenciadas pela Semop e vinculadas à Associação das Baianas de Acarajé, Receptivo, Mingau e Similares (Abam).
Baiana há 36 anos, Vilma da Conceição sente muito orgulho do ofício que garante o sustento da família e que também assegurou que um dos seus filhos pudesse cursar a faculdade de Medicina.
“Amo minha atividade. Por mais que já faça isso há quase 40 anos, sempre tem algo novo para aprender, para melhorar. Agradeço demais esse cuidado com a gente. A cada curso de reciclagem, a cada capacitação, nos tornamos profissionais melhores. Saindo daqui, com certeza, estarei mais motivada para arrumar meu tabuleiro, me arrumar bem bonita e tratar com muito carinho os turistas e baianos que consomem a nossa mercadoria”, afirmou.
Para ela, empreender na venda de acarajé e abarás, além de manter viva a herança familiar, fortalece o empoderamento da mulher negra. “Meu tabuleiro é tudo que tenho. Sou muito realizada sendo baiana desde muito pequena”, conta. Relatos históricos dão conta que as primeiras baianas do acarajé surgiram no Brasil Colônia, no tempo em que a escravidão ainda existia. Eram as mulheres africanas que deixaram para a descendência as receitas trazidas da bagagem culinária iorubá.
A baiana Sandra Nascimento foi uma das primeiras a chegar na capacitação e fez questão de sentar-se logo na primeira fila. Na opinião da vendedora de quitutes, as capacitações fazem toda a diferença na qualidade do atendimento ofertado ao cliente.
“Sempre tem algo novo para aprender, para aprimorar, é como se fosse uma reciclagem na nossa técnica de trabalho. O que aprendo aqui aplico no meu ofício, em minha casa, em minha vida. Venho com muita satisfação e saio daqui agradecida, afinal, vou ofertar um serviço ainda melhor para minha clientela”, pontuou.
Alcance – As formações profissionais do Sou Salvador já beneficiaram mais de 1,4 mil ambulantes e serão estendidas a pelo menos mais 1 mil profissionais até 2025. Todos os que passam pelos cursos recebem ao final do projeto certificados de participação.
Além disso, são beneficiados com novos fardamentos com número de identificação vinculado à licença, além de um QR Code para controle de pesquisa de satisfação dos serviços prestados aos clientes.
O suporte aos ambulantes é ampliado com a orientação dada através dos agentes de empreendedorismo do Parque Social que fazem um acompanhamento especializado das necessidades dos ambulantes, realizando, inclusive, orientações financeira e comportamental, apoio de acesso ao crédito e monitoramento das atividades e qualidade do atendimento para crescimento do negócio.