Há 19 anos, a capital baiana passou a contar com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) 192. Em regime de atendimento 24h, as 13 bases fixas e cinco pontos de apoio espalhadas por Salvador e Região Metropolitana atendem 1 mil pessoas diariamente. Ao longo dessas quase duas décadas, foram mais de 7 milhões de pacientes assistidos.
O trabalho de salvar vidas coordenado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) é inspiração de vida para estudante de enfermagem Maria Vitória Coutinho, 19 anos. Ela tem o símbolo do Samu tatuado no braço e escolheu o tema para decorar a festa de aniversário do filho de 4 anos, no último final de semana.
A paixão da jovem foi despertada ao iniciar o curso, há quase dois anos. “Sou fascinada pelas experiências de urgência e emergência. Me encantei com os depoimentos de professores. O Samu virou a motivação para concluir minha capacitação que acaba agora em agosto”, diz a estudante, que sonha em ocupar uma das vagas do serviço.
A relação de amor e admiração de Maria Vitória se estendeu ao filho Francisco, que escolheu o tema para decoração da festa de aniversário. “Mamãe, quero minha festa igual ao desenho do seu braço”, conta a mãe, acrescentando ter ficado orgulhosa com a escolha do filho.
Coincidência ou não, Vitória lembra que, na semana seguinte ao pedido do garoto, uma ambulância do Samu parou diante da casa onde mora, na Avenida Sete de Setembro, para atender ao chamado de urgência de um vizinho. “Carreguei ele e fui lá. Entrou na ambulância e disse ‘quero um macacão igual a esse no dia da minha festa’”, relembrou a jovem, que diz ter aproveitado a oportunidade para conversar com os socorristas que prestavam atendimento e conhecer um pouco mais sobre o dia a dia dos profissionais.
Eficiência e rapidez – Todos os dias, o Samu registra em média 250 saídas de ambulâncias, assegurando que os pacientes recebam o atendimento em aproximadamente 15 minutos – um indicador de eficiência e rapidez. A intenção é garantir a prestação de socorro em tempo hábil, muitas vezes crucial para a sobrevivência e recuperação dos pacientes.
O médico e coordenador do serviço, Ivan Paiva, destaca que socorro célere tem sido fundamental para os indicadores da saúde pública em Salvador e RMS. “A combinação de tecnologia, inovação e uma equipe altamente capacitada tem garantido que o serviço continue a evoluir a cada ano. Com a evolução do Samu, ganham os pacientes e ganhamos nós, que atuamos para ofertar uma saúde pública de qualidade”, considera.
Referência na prestação de atendimento a pacientes com infarto agudo do miocárdio, o Samu adota um protocolo de atendimento específico que possibilita que os pacientes recebam o melhor tratamento disponível, seja em um centro de hemodinâmica ou através da administração de uma medicação que desobstrui a artéria do coração em questão de minutos, aumentando significativamente as chances de recuperação e sobrevivência. “São milhares de vidas salvas ao longo desses quase 20 anos”, frisa o médico e coordenador.
História e estrutura do Samu – O serviço iniciou as operações em 18 de julho de 2005, com quatro municípios na área de abrangência e uma frota inicial de sete ambulâncias. Em 2006, foi pioneiro na implementação de veículos de intervenção rápida, incluindo motolância e ambulancha. Essas inovações permitiram uma resposta ainda mais ágil em situações de emergência, especialmente em áreas de difícil acesso ou com trânsito intenso.
Atualmente, são dez cidades assistidas, incluindo Salvador: Vera Cruz, Lauro de Freitas, Simões Filho, Candeias, Madre de Deus, São Francisco do Conde, Itaparica, Saubara e Santo Amaro. O Samu conta com uma estrutura descentralizada composta por 62 ambulâncias móveis, oito motolâncias e duas ambulanchas. Toda a rede conta com uma equipe altamente capacitada, com 1.180 mil profissionais dedicados ao atendimento de emergências.
A Central de Regulação das Urgências recebe as demandas da população através do número telefônico 192. Por turno, são nove médicos reguladores, cinco rádio-operadores e enfermeiros reguladores. Dez telefonistas recebem os chamados do 192, identificam as situações de emergência médica, enviam os recursos apropriados para atendimento e posteriormente encaminham os pacientes à rede de urgência para continuidade do atendimento.
Paiva lembra que o Samu desempenhou um papel fundamental na estruturação da rede de urgência de Salvador. “Desde o início de suas operações, o serviço indicou a necessidade de ampliação das portas de entrada para atendimentos de urgência, resultando na abertura de dez novas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e na implantação do primeiro hospital municipal, que hoje serve como uma grande retaguarda para a rede de urgência da região metropolitana”, explica.
Situações de grande porte – O Samu tem uma atuação destacada na organização e atuação em grandes eventos de massa, como o Carnaval, Festival Virada Salvador, Festival da Primavera e Copa do Mundo de Futebol, entre outros realizados no calendário de festas oficiais da cidade. Além dos eventos e festividades, o Samu desempenhou um papel crucial no atendimento a eventos com múltiplas vítimas, a exemplo do naufrágio da lancha Cavalo Marinho I (2018), acidente aéreo em Barra Grande (2019), desabamento do estádio da Fonte Nova (2007) e naufrágio do catamarã Salvador/Morro de São Paulo (2006).