O projeto Convivendo e Aprendendo atende 850 pessoas, entre crianças, jovens e idosos, realizando atividades socioeducativas e culturais em cinco bairros populosos de Salvador. Destes, 120 são moradores do Nordeste de Amaralina e bairros adjacentes, que são assistidos no Parque Social, localizado no Parque da Cidade. Oficinas gratuitas de artes plásticas, dança, capoeira e jogos lúdicos integram a iniciativa, desenvolvida em parceria com a Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre).
Criadas com a premissa de promover inclusão de famílias em situação de vulnerabilidade, as oficinas são voltadas para a população infantojuvenil, entre 6 e 17 anos, e para aqueles que integram a terceira idade, a partir dos 60 anos. Com 73 anos, a idosa Antônia Maria Santa Rita, moradora do Nordeste de Amaralina, participa do projeto há 10 anos. Questionada sobre tudo o que já aprendeu, ela revela ter perdido as contas de quantas oficinas participou. “Já fiz enfeite de flores, pintura em vidro, velas decorativas, bonecas e muitos outros artesanatos. Tanta coisa que nem me lembro”, brinca a senhora.
Enxergando apenas com olho direito, a idosa fala que a deficiência visual nunca foi um obstáculo para participar das atividades do projeto. “Ao contrário, aqui resgato minha autoestima, me sinto viva, produtiva, feliz”, revela Maria, que é mãe de três filhos e avó de seis netos. Falante e ativa, faz questão de não faltar às atividades físicas, que são oferecidas às sextas-feiras. “Isso aqui mudou minha vida”, comenta, emocionada.
Ao falar do projeto, a emoção também toma conta de Maria José Dias, 66 anos, moradora do Nordeste de Amaralina e que chegou ao Parque Social há pouco mais de um mês. Diagnosticada com depressão e ansiedade, a idosa revela que as aulas têm ajudado bastante na melhora do quadro de saúde. “Essa iniciativa é a melhor coisa da minha vida. Estava em casa, sofrendo, sem querer falar com ninguém. Desde que cheguei aqui, voltei a sorrir. Só tenho a agradecer”, disse.
Além do Nordeste, o projeto oferta aulas e cursos em Plataforma, Pau da Lima, Cajazeiras e Castelo Branco. As atividades ocorrem de segunda à sexta-feira, sempre das 8h às 17h, em instituições municipais de fácil acesso, além de locais de referência nas comunidades. Em 2022, cerca de 7,5 mil cidadãos foram alcançados segundo estima o Parque Social.
As atividades são efetuadas por assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, profissionais de capoeira, de artes plásticas, de dança e de educação física. De acordo com a coordenadora do Convivendo e Aprendendo, Katharina Pinheiro, o projeto traz um novo cenário para a vida dessas idosas, crianças e adolescentes, ao mesmo tempo em que mostra para eles sobre outras oportunidades, além daquelas que eles enxergam na própria comunidade.
“Eles também conseguem compreender que é possível fortalecer os vínculos, tanto com aqueles da mesma faixa etária quanto com outros. Temos uma atividade intergeracional, juntamos todo mundo. É um momento muito bacana. Valoriza a saúde mental do idoso e os mais novos também aprendem com a vivência dos mais velhos”, frisa Katharina.
Como participar – Quando necessário, os assistidos também são encaminhados para atendimentos nas sedes do Centro de Referência de Assistência Social (Cras), onde encontram acesso a programas de transferência de renda, entre outros serviços. Os interessados em participar das atividades podem procurar qualquer uma das unidades do projeto, levando documentos como comprovante de residência, RG, CPF e comprovante de escolaridade (para os menores de idade).