Quem chega nas escolas municipais Agripiniano de Barros e Eduardo Dotto, ambas em Praia Grande, no Subúrbio Ferroviário, percebe que há nos locais uma atmosfera diferente, com sons musicais entrelaçados com sorrisos de crianças, que preenchem todos os espaços. As unidades de ensino possuem essa característica por terem um diferencial: o ensino de música na sua grade curricular.
Além de possibilitar que as crianças desenvolvam suas habilidades, através de diversas técnicas musicais, como canto coral e instrumentos, as crianças participam de uma iniciativa voluntária do professor Alex Rocha, que estimula a evolução das crianças, com aulas extras de música no contraturno das classes regulares.
Artur Oliveira, de 10 anos, é aluno da Escola Eduardo Dotto e descobriu na música um lugar de aconchego para a alma. “Eu gosto muito de tocar flauta por causa do som que a gente faz com ela, mas, de verdade, eu amo as aulas de música. O professor traz o teclado para a gente cantar com ele e é maravilhoso. Eu gosto de estudar música em casa, mas na aula é diferente. É muito bom”, contou.
As aulas do professor Alex envolvem o uso de teclados, flautas e até chocalhos improvisados, com garrafas pet e arroz. As flautas são ofertadas, gratuitamente, para que as crianças possam iniciar a aprendizagem com um instrumento acessível, fácil e que pode instigar o aluno a aprender a tocar outros instrumentos.
Mariah da Silva Santos, 10 anos, estuda na Escola Municipal Agripiniano de Barros. Ela, que já está aprendendo a leitura de partituras, afirma que a música caminha lado a lado com sua vida. “Eu gosto muito das aulas do professor Alex. Eu me sinto muito empolgada e em todas as aulas aprendo alguma coisa nova. Ter o professor todas as terças-feiras me deixa muito feliz”, afirmou.
A mãe da pequena, Gracileide da Silva Santos, afirmou que a música possibilitou que Mariah pudesse desenvolver sua fala e lidar com aspectos como a timidez. Para ela o acesso à aprendizagem musical através do ensino pública foi um presente.
“Este ano é o primeiro dela na rede municipal e, quando ela contou em casa que havia aulas de música na escola, não imaginava que ia encontrar um trabalho tão específico sobre música aqui. Eu percebo que a música na vida da minha filha revela o que há de melhor nela. A música liberta”, contou emocionada.
Voluntário – Alex Rocha oferta seu tempo para fomentar a iniciação musical com aulas extras há 15 anos. Neste período, calcula que já distribuiu mais de 450 flautas, amadoras e profissionais, para alunos que se empenharam no estudo da música. “Eu não tenho ambição de ter um carro do ano, ou uma casa na praia. Minha ambição é ver o sorriso destes meninos, é o que me faz milionário. Minha riqueza são meus alunos”, contou.
Rocha sonha em tornar a iniciativa um projeto com melhor estrutura e amplo, de forma a beneficiar ainda mais crianças do Subúrbio e, quem sabe, de toda a cidade. “Os alunos fazem as atividades, se comportam, mostram interesse nas aulas, e ao atingir 100 pontos, com base em várias avaliações, eu premio o aluno com uma flauta amadora. Quando percebo o empenho, troco por uma flauta profissional e convido para a aula extra. Não faço por obrigação. Faço porque este é o meu objetivo de vida. É a minha missão levar o ensino da música para transformar a realidade dessas crianças”, contou.
Aprendizagem – Os benefícios para o público juvenil que têm essa iniciação musical são múltiplos. A música no ambiente escolar, além de aproximar as crianças da unidade de ensino e de toda a comunidade acadêmica, proporciona melhor expressão corporal, trabalha memória, dicção, concentração e diversas habilidades que contribuem positivamente para as crianças.
Para a gestora da Eduardo Dotto, Bárbara Santa Rosa, as aulas de música dão para as crianças a oportunidade de sonhar. “Os alunos aqui são extremamente carinhosos e educados e as aulas para eles são momentos para acreditar que tudo de bom pode acontecer através da música. Você consegue o amor do mundo inteiro, através da música e nossos alunos aprenderam isso. Eles têm um olhar sobre a música diferenciado e conseguem encontrar nela um suporte para tudo na vida”, finalizou.