BAHIA EM REVISTA

Programa da Sempre auxilia cidadãos a saírem do vício das drogas

Após 20 anos como usuário de crack, Robson Miranda Argôlo Júnior hoje se considera livre das drogas, após ter recebido apoio da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esportes e Lazer (Sempre). Ele foi encaminhado pela pasta para a Comunidade Terapêutica Pró-Vida, administrada pela Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (Adra), que tem parceria estabelecida para o tratamento de pessoas em uso abusivo de substancias psicoativas.

 

A ação foi realizada através do Acolhimento Transitório, política pública implementada pela Sempre através da Diretoria de Políticas Sobre Drogas (DPSD). O objetivo é oferecer acolhimento residencial transitório e psicossocial de pessoas jovens, adultas, famílias (com ou sem filhos) e pessoas idosas de ambos os sexos em vulnerabilidade e/ou risco social, que fazem uso abusivo de drogas.

 

Conforme o secretário da pasta, Kiki Bispo, os cidadãos que fazem uso de substâncias psicoativas recebem, nas unidades parceiras, um tratamento especializado e multidisciplinar com base em atividades terapêuticas, educacionais e profissionalizantes. A abordagem, realizada de forma participativa, visa tratar a dependência química através de mudança no estilo de vida, entendendo o uso abusivo como sintoma de um desajuste psicológico e social do indivíduo.

 

Em cada etapa, os acolhidos trabalham suas questões individuais e aprendem novas maneiras de se expressar. Na última etapa, a da reinserção social, os residentes começam a se estruturar para sair do centro. Com atividades profissionalizantes, são estimulados a elaborar o projeto de vida fora do centro. “O método empregado para o tratamento decorre de um trabalho multidisciplinar em regime de internação de no mínimo nove meses e um máximo de 18 meses, dependendo das necessidades de cada pessoa”, pontuou Bispo.

 

Atualmente a Sempre mantém parceria com duas Organizações da Sociedade Civil (OSCs), Adra e Desafio Jovem, que, juntas, oferecem 70 vagas de Acolhimento Transitório para homens em situação de uso abusivo de substâncias psicoativas. Ainda este ano, será lançado novo edital para parceria com até dez OSCs para oferta de 350 novas vagas.  

 

Transformação – “Quando cheguei na Pró-Vida, comecei a acreditar que havia possibilidade de mudanças, apesar de 20 anos entre altos e baixos entregue ao crack. Mas, com muita ajuda, foquei na faculdade. Além dos métodos aplicados, me disponibilizaram um notebook, uma sala de estudos e eu terminei o semestre com excelência”, contou Argôlo Júnior.

 

Ele ainda relatou a rotina diante da nova realidade. “Hoje eu durmo em um quarto com porcelanato e ventilador, cama de madeira de lei, temos comida vegetariana. Enfim, nos sentimos gente e capacitados para mudar. O ambiente é tão saudável que os internos que estão em abstinência dão as mãos aos outros”.

 

Agora, os voos são mais altos. “Vou fazer meu TCC baseado na minha experiência lá dentro, pois tenho certeza que a educação transforma. No meu estágio cheguei a alfabetizar três acolhidos e a faculdade demonstrou até mesmo o interesse em conhecer o projeto de perto”, completou Argôlo Júnior.

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