Tradição e fé. Em Salvador, o mês de setembro tem gosto de dendê. Para homenagear os santos Cosme e Damião, os soteropolitanos oferecem o tradicional caruru, acompanhado de vatapá, feijão fradinho, arroz, farofa de dendê, ovos cozidos, xinxim de frango, banana da terra frita, rapadura, cana-de-açúcar e pipoca. Nas feiras e mercados municipais, os feirantes já sentem o aquecimento das vendas dos ingredientes.
Comerciante há 35 anos e atuando no Núcleo de Abastecimento (Nacs) de Itapuã, Zilton Souza destacou o crescimento das vendas, desde o início do mês. “Setembro em Salvador é diferente. A feira tem maior movimentação e o quiabo é o carro-chefe. A gente sabe que é um mês bom para vendagem. A procura pelos produtos do caruru já é intensa, e a expectativa é que aumente ainda mais”, disse.
Em decorrência da fase crítica da pandemia, ano passado as vendas foram abaixo do esperado. Souza lembrou que, em 2020, vendeu 50% a menos do que nos anos anteriores. “Trabalhava com 30 sacos de quiabo, ano passado vendemos 15, foi complicado. Mas, esse ano, vai ser melhor, vamos vender 25 a 30 sacos, com fé em Deus!”
As expectativas também são as melhores para a feirante Joelma Santos, de 44 anos. “Esse ano a gente já sente uma mudança, as pessoas já estão vacinadas e com certeza têm muito a agradecer aos santos protetores. Então, tenho certeza que a venda vai ser muito melhor”.
Expectativa — Frequentadora assídua de feiras, a contadora Rita Pimentel, de 63 anos, destacou o abastecimento dos produtos do caruru nas barracas. “Como típica baiana, já sinto vontade de comer comida de dendê em setembro. Esse ano, as barracas já estão abastecidas e a movimentação nos traz a sensação de que, aos poucos, as coisas estão voltando ao normal”, afirmou.
Apesar do aumento dos preços dos produtos, os comerciantes mantiveram os valores para garantir a venda. O camarão defumado, ingrediente fundamental para o caruru, está custando em média, R$50 o quilo. O litro do azeite de dendê varia entre R$12 e R$13, já o cento do quiabo está saindo por R$12. O quilo da castanha quebrada varia entre R$47 e R$50 e, no caso do feijão fradinho, o cliente pode levar por R$10 o quilo.
Fiscalização – Com o crescimento na movimentação, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) intensifica a atuação nas feiras e mercados de Salvador. “No mês de setembro a gente trabalha com a previsão de aumento na circulação de pessoas, em decorrência da tradição do caruru de São Cosme e Damião. Então, dessa forma, a secretaria atua no sentido de organizar a feira, dar apoio aos feirantes, fiscalizar e manter o ordenamento do espaço”, disse o encarregado de fiscalização da Semop, Joel Souza.