Imagine conhecer obras de artistas de áreas periféricas de Salvador como se estivesse no próprio local da mostra, mas sem sair de casa, principalmente neste período de pandemia de Covid-19. Com detalhes de uma exposição presencial, a terceira edição do projeto Museu de um Dia apresenta virtualmente obras de 12 artistas do bairro de Cajazeiras. O evento reproduz, através de uma maquete 3D virtual, o espaço da Associação de Moradores Recanto do Sol, localizado na Fazenda Grande IV.
A exposição é totalmente gratuita e pode ser acessada no site https:// linktr.ee/ Museudeumdia. Intitulada por “A Exposição Virtual do Museu de um Dia está esperando você”, o projeto é um dos contemplados pelo Prêmio Anselmo Serrat de Linguagens Artísticas, da Fundação Gregório de Mattos (FGM).
De acordo com o artista visual e idealizador do projeto, Igor Caires, o objetivo é transmitir conhecimento e incentivo aos jovens artistas das regiões periféricas de Salvador. A proposta visa revelar novos nomes nos bairros descentralizados e gerar oportunidade para o desenvolvimento a quem está iniciando a caminhada.
“Eu, como artista periférico, senti o que muitos deles sentem. Hoje tenho bastante experiência em vários vieses da arte, em exposições, residências artísticas, mas o caminho foi difícil. O que tento aqui com o museu é encurtar esse caminho aos artistas ‘emergentes’ e até mesmo os mais experientes, que por muitas vezes não sabem nem por onde comer uma exposição, um currículo, enfim, sua carreira artística”, destaca Caires.
Incentivo às artes — Para a artista Débora Santos, a exposição virtual é uma grande oportunidade de valorizar a arte e os artistas das comunidades. Ela participa da ação com as peças “A solidão da mulher negra” e “Michael Jackson children”.
“Em cada obra, eu fiz com uma inspiração específica. A solidão da mulher negra foi a primeira dentre as duas. Foi um dos meus primeiros desenhos no ramo de desenho a carvão e partiu muito das minhas angústias. Fiz com base em imagem de referência, mas ainda assim foi a minha leitura, meus sentimentos, coisas que me saturam no cotidiano e que digo e sinto enquanto mulher preta. Sinto na pele e a minha inspiração foram as minhas ancestrais, as minhas irmãs na luta contra o machismo, racismo e outros pesos que nós mulheres pretas enfrentamos”, afirma.