“Só achei que fiquei um pouco feio na foto”. Com um sorriso largo e nítida emoção, o assistido pela Unidade de Acolhimento Institucional (UAI) de Pirajá, Emerson Moura, recebeu este mês a carteira de identidade, emitida através da solicitação feita pelos técnicos da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre).
A Prefeitura, por meio da Sempre, auxilia moradores de rua e assistidos a tirar os documentos pessoais gratuitamente. O encaminhamento ocorre por meio de uma parceria entre a Secretaria e o Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC), Ministério Público (MP-BA), Defensoria Pública (DPE-BA), postos de saúde, Receita Federal e Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA). Os documentos possíveis de serem emitidos são Registro Geral (RG), Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), carteira de trabalho, cartão do SUS, carteira de reservista e título de eleitor.
Para o titular da pasta, Kiki Bispo, dar às pessoas em situação de vulnerabilidade a possibilidade de emissão dos documentos pessoais é uma forma de recuperar a dignidade. “A ação é indispensável para garantir a este público, além do resgate à cidadania, acesso a serviços básicos como saúde, emprego e educação. O dever do acolhimento é oportunizar formas de crescimento, e sem a documentação básica seria impossível. O atendimento da Sempre é abrangente e a atual gestão tem buscado elevar o nível de eficiência na assistência direta às pessoas em situação de rua”, destacou.
Impacto – Aos 24 anos, o antigo morador em situação de rua passou um ano e três meses sem RG, e relatou as dificuldades de viver sem documentação. “Me sentia um indigente. Morava na rua, não tinha ninguém para me ajudar. Corria de um lado para outro, mandavam eu ir para vários órgãos e no final, ninguém fazia minha identidade. Não tinha certidão de nascimento, dinheiro, nem orientação correta sobre o que fazer. Surgiu a oportunidade de emprego mas, como eu não tinha documento, não consegui aproveitar a chance. Nesse período, só podia fazer bicos”, contou Moura.
Há dois meses na UAI de Pirajá, ele chorou ao lembrar do período antes do acolhimento. “Passava por muitas coisas na rua, chuva, frio, fome. Não tinha um lugar para dormir, para colocar a cabeça no lugar. Não existia perspectiva de nada, não tinha documento, não podia procurar emprego. Nada fazia sentido. Cheguei a pensar em tomar decisões drásticas com a minha vida”, relatou.