Os versos “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar”, dos compositores Edson Conceição e Aloísio Silva e eternizados na voz da intérprete Alcione, marcam o sentimento dos amantes do samba que ocupam tradicionalmente as ruas do Circuito Osmar (Campo Grande) na quinta-feira de Carnaval. Quem comparecer a este primeiro dia oficial de folia no local vai apreciar o samba em suas mais variadas derivações, além do desfile de blocos consagrados como Amor e Paixão, Pagode Total e Alerta Geral. A programação começa às 18h.
Uma das atrações que se apresentam neste dia é Nelson Rufino, que comanda o bloco Amor e Paixão, ao lado do Batifum, Fora da Mídia e do carioca Dudu Nobre. Para Rufino, a Quinta do Samba, como é apelidada pelos foliões sambistas, continua forte atraindo o público e mantendo o espaço reservado do ritmo brasileiro na folia carnavalesca.
“É uma alegria muito grande fazer mais um Carnaval de samba, porque é uma coisa que conseguimos na terra do axé, fortalecendo o ritmo. O ritmo estava meio esquecido por conta do axé, mas voltou com força. Fico feliz em fazer parte do time que tenta manter a chama acesa do samba em alta”, pontuou.
Rufino atribui a baixa procura pelo samba em anos passados à gama de produtos musicais que a Bahia consegue produzir com maestria. “Não é fácil sobreviver como sambista numa terra como a Bahia, que conseguiu ser multicriativa. Ser sambista é para quem tem raízes no samba. Salvador é tão criativa que pegou o samba de roda, eletrizou e deu no pagode. Eu costumo dizer que a eletrização do samba está ao passo do samba de roda do mesmo modo que o novo sertanejo universitário está para o sertanejo raiz”, explicou.
O compositor acrescentou ainda que, apesar do ritmo ter retomado o seu protagonismo, é preciso rever a forma como ele aparece na folia e repensar em novos meios de divulgar o ritmo para o público, principalmente através de desfiles sem cordas.